Falha em cápsula espacial da Boeing pode apontar que testes foram insuficientes

Falta de um teste completo pode ter sido o principal fator dos problemas enfrentados pela cápsula CST-100
Luiz Nogueira27/02/2020 15h11, atualizada em 27/02/2020 16h02

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Em dezembro, a Boeing testou a cápsula CST-100 Starliner que poderia permitir a viagem de astronautas ao espaço. No entanto, problemas de software fizeram com que a missão fracassasse, colocando em xeque a segurança dos futuros voos espaciais tripulados.

Os resultados da investigação sobre os problemas dos testes com a cápsula devem ser divulgados em breve pela fabricante Boeing e pela Nasa. Entretanto, em entrevista ao site Orlando Sentinel, membros da Nasa revelaram algumas informações que podem elucidar o que causou os problemas.

De acordo com as informações, a Boeing não realizou todos os testes necessários antes de enviar a cápsula ao espaço. Em algumas etapas, todos os softwares são testados para garantir que respondem bem aos comandos realizados pelo centro de controle.

Justamente a falha de software ocasionou os problemas do voo. O relógio interno da espaçonave estava 11 horas à frente, fazendo com que ela perdesse manobras críticas e voasse para uma órbita incorreta. O objetivo era atracar a cápsula à Estação Espacial Internacional.

Além disso, problemas de comunicação, potencialmente causados por torres de celular, impediram a Boeing de enviar comandos para correção da órbita. Por conta de todos esses problemas, a Nasa exigiu uma nova certificação de voo e de testes para a empresa.

Por outro lado, a Boeing declarou que seguiu todos os procedimentos de testes exigidos pela agência espacial para prosseguir antes do voo teste Starliner. Após uma revisão de prontidão de voo antes da missão foi dado sinal positivo pela própria agência.

Concorrência

Além da Boeing, quem realiza testes para futuras missões tripuladas é a SpaceX, de Elon Musk. Porém, ao contrário da concorrente, a empresa de Musk realizou testes bem-sucedidos e sem grandes problemas. Com isso, a companhia espera decolar sua primeira missão tripulada, a Crew Dragon, ainda este ano.

Inicialmente, a Boeing recebeu US$ 4,2 bilhões para realizar o feito, enquanto a SpaceX recebeu 2,6 bilhões. Por conta dos problemas enfrentados, ainda não se sabe se a Boeing precisará de mais dinheiro para realizar os testes do zero.

Problemas em outros segmentos

As questões de software também afetaram outro segmento da Boeing: os voos domésticos. A empresa lida com questões envolvendo problemas com o modelo 737 Max, que levou à morte de 346 pessoas.

A Administração Federal de Aviação dos EUA pediu que esse tipo de aeronave fosse testado minuciosamente, já que, de acordo com investigações aprofundadas, o modelo também pode ser vulnerável a raios e a interferência de radiofrequência.

Via: Orlando Sentinel

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital