ByteDance ordena que o TikTok se prepare para ser banido dos EUA

Engenheiros devem tomar as medidas contingenciais necessárias para 'fechar' o app, enquanto a diretoria da empresa negocia para garantir que os funcionários sejam pagos devidamente
Renato Mota27/08/2020 22h16

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A ByteDance pediu aos engenheiros do TikTok para prepararem o aplicativo com as contingências necessárias caso precise encerrar suas operações nos Estados Unidos. As medidas devem ser tomadas mesmo enquanto a empresa negocia sua venda como uma forma de contornar os problemas que vem enfrentando com o governo norte-americano.

De acordo com a agência de notícias Reuters, a ByteDance disse aos engenheiros do TikTok, em um memorando enviado esta semana, para traçarem planos para fechar o aplicativo nos EUA. A empresa chinesa também está fazendo planos separados para que os funcionários e fornecedores do TikTok nos país sejam compensados ​​em caso de paralisação.

O TikTok já implementou um congelamento de contratações nos EUA para a maioria das vagas abertas por conta da incerteza em relação ao seu banimento, contratando apenas 5% do pessoal planejado. A ByteDance vê os preparativos para o fechamento como um “plano de backup” enquanto negocia acordos que podem manter o aplicativo operando nos Estados Unidos sem interrupção.

“Estamos confiantes de que chegaremos a uma resolução que garanta que o TikTok estará aqui por um longo prazo para os milhões de americanos que vêm à plataforma em busca de entretenimento, autoexpressão e conexão”, disse um porta-voz do aplicativo em um comunicado. “Como qualquer empresa responsável faria, estamos simultaneamente desenvolvendo planos para tentar garantir que nossos funcionários nos EUA continuem a receber pagamentos independente do resultado [das negociações]”, completa a nota.

Sem piloto durante a turbulência

Nesta quinta-feira (27), Kevin Mayer – que assumiu como CEO do TikTok no último dia 1º de junho – pediu sua demissão. “Nas últimas semanas, conforme o ambiente político mudou drasticamente, fiz uma reflexão significativa sobre o que as mudanças estruturais corporativas exigirão e o que isso significa para a função global para a qual me inscrevi”, escreveu Mayer em um e-mail para os funcionários da TikTok.

TikTok/Divulgação

Kevin Mayer, ex-CEO do TikTok. Imagem: TikTok/Divulgação

O TikTok – e a ByteDance, empresa chinesa que controla o aplicativo – vem sendo pressionado a procurar um comprador norte-americano, depois que o governo dos EUA ameaçou banir aplicativos chineses por razões de segurança. As autoridades se disseram preocupadas com o fato de o governo chinês poder acessar os dados do usuário coletados pelas empresas de tecnologia do país.

O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva em 6 de agosto, alegando que a China pode potencialmente ter acesso a “informações pessoais e proprietárias dos americanos” por meio de dados coletados pela TikTok. A rede nega as acusações e afirma que seus dados de usuário são armazenados nos EUA, com backup em Singapura, e seus data centers não estão localizados na China.

O decreto assinado por Trump, na prática, inviabiliza as operações do aplicativo no país. O presidente deu um prazo de 45 dias para que o TikTok seja adquirido por uma empresa norte-americana. Passado esse período, será impossível fazer download ou pagar por anúncios no app.

Possíveis compradores

Ainda nesta quinta-feira (27), o Walmart anunciou que está se unindo à Microsoft para comprar as operações do TikTok nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. De acordo com a CNBC News, o acordo com a ByteDance, empresa chinesa que controla a rede social de vídeos, deve ficar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões.

Além da Microsoft e do Walmart, o Twitter também está na fase de “conversas preliminares” para adquirir o aplicativo de vídeos curtos. Outro concorrente de peso é a Oracle, que ainda tem na sua oferta participação investidores como a General Atlantic e a Sequoia Capital,  que estudam um acordo para manter as operações do app na China, mas geridas por uma companhia norte-americana.

Via: Reuters

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital