A Microsoft anunciou, no início de agosto, o interesse de adquirir as operações do TikTok nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Desde então, há expectativas sobre um acordo bilionário que permita à rede social chinesa seguir operando nos Estados Unidos.

Fontes próximas ao assunto, no entanto, disseram ao The New York Times que antes mesmo do anúncio, já aconteciam conversas entre a Microsoft e a ByteDance, empresa chinesa que controla o TikTok. Entretanto, a intenção inicial da companhia norte-americana era assumir apenas uma participação minoritária no aplicativo.

As negociações começaram em julho enquanto o governo norte-americano ainda ameaçava banir a plataforma do país. Em conversas com o chefe-executivo da ByteDance, Zhang Yiming, representantes da Casa Branca apresentaram a demanda que o TikTok deveria reformular sua estrutura de acionistas para reduzir a participação da companhia chinesa no aplicativo. Além disso, o governo estadunidense solicitou garantias de que os dados de usuários americanos fossem armazenados em servidores nos Estados Unidos.

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Governo norte-americano acusa o TikTok de expor dados de usuários ao governo da China. Imagem: Reprodução/Reuters

Para a ByteDance, o investimento minoritário da Microsoft poderia apaziguar o conflito com a Casa Branca e impulsionar os negócios da companhia e do TikTok fora da China. A Microsoft, por sua vez, via no acordo uma oportunidade para tornar o aplicativo um dos principais clientes do serviço de computação em nuvem Azure.

A companhia também entendia que as informações de comportamento de usuários da rede social poderia aprimorar a estrutura de ciência de dados da empresa. Por outro lado, as fontes afirmam que os executivos da Microsoft não planejavam um grande acordo devido à pressão de gerenciar uma companhia de redes sociais. Em entrevista à Wired, o fundador e conselheiro da companhia, Bill Gates, classificou a possível aquisição do TikTok como um cálice envenenado.

Reviravolta

Ainda no mês passado, o secretário do tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, chegou a conversar com o TikTok e a Microsoft sobre o armazenamento de dados em servidores dos EUA, disseram as fontes. Mnuchin recomendou à Casa Branca que a ByteDance deveria vender a maior parte das operações da rede social no país para uma empresa americana.

O governo Trump, entretanto, decidiu banir completamente a participação da ByteDance nas operações do aplicativo nos EUA. Donald Trump entrou em contato com o presidente-executivo da Microsoft, Satya Nadella, e informou que a ByteDance teria apenas 45 dias para consolidar o negócio. Além disso, o republicano acrescentou que a transação deveria resultar em benefícios para o governo e sugeriu destinar uma parcela do acordo ao Tesouro Americano.

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CEO da Microsoft, Satya Nadella. Imagem: Reprodução

Poucos dias depois, o presidente assinou uma ordem executiva para banir o TikTok a partir de 15 setembro, a menos que uma empresa estadunidense adquira as operações da rede social até o prazo. Na sequência, a Casa Branca emitiu outra ordem executiva dando à ByteDance 90 dias para concluir as negociações.

Segundo o The New York Times, funcionários da Microsoft ficaram chocados. A janela de 45 dias colocou o TikTok e ByteDance em desvantagem nas conversas. Desde então, outros pretendentes surgiram, incluindo a gigante de tecnologia e informática Oracle. Nesta quinta-feira (27), a rede varejista Walmart anunciou que vai se unir à Microsoft para comprar as operações da rede social chinesa nos EUA e outros países.

TikTok reage

Enquanto aguarda o desfecho da novela, o TikTok decidiu processar o governo dos EUA. “A Ordem Executiva emitida pela Administração em 6 de agosto de 2020 tem o potencial de retirar os direitos daquela comunidade sem qualquer evidência que justifique tal ação extrema, e sem qualquer processo devido”, afirmou a companhia, em referência aos seus mais de 1,5 mil funcionários nos Estados Unidos, em nota.

“Discordamos veementemente da posição do governo de que o TikTok é uma ameaça à segurança nacional e articulamos essas objeções anteriormente”, completou.

Via: The New York Times