Teoria de impacto ‘gigante’ que deu origem à Lua ganha reforço

Análise em amostras lunares trazidas da missão Apollo deram norte para comprovação de evento ocorrido há mais de 4 bilhões de anos; quantidade e tipo de cloro existente no material foram estudados
Leticia Riente25/09/2020 13h52, atualizada em 25/09/2020 14h51

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Na busca contínua e incessante por descobrir como o universo se formou, cientistas da Nasa ainda analisam detritos da Lua trazidos da missão Apollo nas décadas de 60 e 70. Com equipamentos avançados, novas pesquisas mostram que a Teoria do Impacto Gigante, que sugere que a Lua se formou após uma grande colisão com um protoplaneta, pode realmente estar certa. Os resultados das análises foram publicados neste mês na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

O novo estudo se concentrou na quantidade e tipo de cloro existente nas rochas lunares. Com este foco, os pesquisadores descobriram que o satélite natural da Terra tem maior concentração de cloro “pesado” em comparação com nosso planeta, que possui cloro mais “leve”. Isso significa que a Lua e a Terra possuem diferentes versões do átomo de cloro, conhecidas como isótopos. Este material contêm números diferentes de nêutrons em seus núcleos.

Reprodução

Pedaços da Lua são analisados por cientistas para desvendar origem do astro e do universo. Créditos: Taffpixture/Shutterstock

De acordo com a Teoria do Impacto Gigante, pouco depois de ocorrer a grande colisão entre os astros, a Terra teve a capacidade de permanecer intacta enquanto pedaços de ambos os corpos celestes eram lançados no espaço. Mais tarde, estes mesmos pedaços formariam a Lua.

Mas ainda vale destacar que no início, Lua e protoplaneta, conhecido por Theia, tinham uma mistura de isótopos de cloros leve e pesados, mas toda esta estrutura começou a ser modificada pela gravidade do planeta terrestre, que puxou para si a Lua recém-nascida. A partir deste momento, durante a modificação da forma dos corpos cósmicos, a Terra absorveu o cloro mais “leve”, o que resultou na Lua formada com cloro mais “pesado”.

Para que a pesquisa fosse completa, os cientistas também precisaram estudar outros elementos que são halogênios, ou seja, da mesma família química do cloro. Isto porque halogênios “leves” também são menos comuns na superfície lunar.

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“Há uma enorme diferença entre a composição elementar moderna da Terra e da Lua, e queríamos saber por quê. Agora, sabemos que a Lua era muito diferente desde o início, e provavelmente é por causa da teoria do impacto gigante”, disse um dos autores do estudo e cientista planetário da Nasa, Justin Simon, em um comunicado sobre a descoberta.

Cabe frisar que o documento adiciona mais uma evidência a um montante crescente de estudos neste sentido.

Isótopos de oxigênio

Outra evidência da Teoria do Impacto Gigante já havia aparecido no começo deste ano. Estudos comprovaram que Terra e a Lua têm, de fato, diferentes composições de isótopos de oxigênio também – especialmente as rochas mais profundas trazidas pelos astronautas da missão Apollo.

“Nossas descobertas sugerem que o manto lunar pode ter experimentado menos mistura e é mais representativo a composição de Theia”, explicou Erick Cano, pesquisador do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias do Novo México.

Via: Space

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital