Novas evidências reforçam que a Lua se formou após colisão da Terra

Análise mais detalhada dos isótopos de oxigênio de pedras retiradas da Lua mostrou traços da composição de Theia, o proto-planeta do tamanho de Marte que se chocou com a Terra há 4,5 bilhões de anos
Renato Mota11/03/2020 16h56

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O estudo da composição de isótopos de oxigênio colhidos em rochas lunares deu para pesquisadores informações que reforçam a evidência de que um planeta, chamado Theia, se chocou com a Terra e deu origem à Lua, há cerca de 4,5 bilhões de anos.

Criar um modelo de como nosso satélite natural se formou tem sido um desafio para os cientistas. A missão Apollo trouxe de volta amostras do solo lunar que apresentavam composições de isótopos de oxigênio praticamente idênticas às da Terra. Para que esse resultado fosse possível, Terra e Lua primitivas teriam que possuir valores idênticos de isótopos de oxigênio, ou essa homogeneização nos dois corpos teria ocorrido após o impacto.

Cientistas da Universidade do Novo México fizeram uma análise de alta precisão em uma série de pedras lunares e comprovaram que Terra e a Lua têm, de fato, diferentes composições de isótopos de oxigênio – especialmente as rochas mais profundas. “Nossas descobertas sugerem que o manto lunar pode ter experimentado menos mistura e é mais representativo a composição de Theia”, explica Erick J. Cano, pesquisador do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias.

“Os dados sugerem que as composições distintas de isótopos de oxigênio de Theia e da Terra não foram completamente homogeneizadas pelo impacto da formação da Lua, e fornecem evidências quantitativas de que Theia poderia ter se formado mais longe do Sol do que a Terra”, afirma Cano, no estudo publicado na Nature Geoscience.

As evidências reforçam a Hipótese do Impacto Gigante, que sugere que a Lua foi formada a partir de detritos após uma colisão gigante entre a Terra primitiva e o proto-planeta chamado Theia. A Terra e a Lua são geoquimicamente semelhantes, mas a composição quase idêntica nos isótopos de oxigênio era um problema no modelo.

Para chegar a suas descobertas, Cano e seus colegas da UNM, Zach Sharp e Charles Shearer, conduziram medições de alta precisão em amostras de basaltos, anortositos, norites e vidro vulcânico, um produto de magma não cristalizado de resfriamento rápido. A composição isotópica de oxigênio nas amostras variava dependendo do tipo de rocha testada. Isso pode ser explicado pelo grau de mistura entre a Lua derretida e a atmosfera de vapor após o impacto. Os isótopos de oxigênio de amostras colhidas no manto lunar profundo foram os mais diferentes dos isótopos de oxigênio da Terra

“Com base nos resultados de nossa análise isotópica mostra que a composição distinta de isótopo de oxigênio de Theia não foi completamente perdida através da homogeneização durante o impacto”, completa Cano.

Via: Phys.org

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital