O Comitê de Inteligência do Senado dos EUA analisou um relatório de 966 páginas sobre a campanha de 2016 do presidente Donald Trump para a Casa Branca e concluiu, na terça-feira (18), que Trump e sua equipe de campanha estavam dispostos a usar documentos roubados por hackers russos.

O relatório avaliado destaca diversos casos em que a campanha de Donald Trump utilizou de documentos roubados por hackers russos, mesmo após a inteligência dos EUA avisar que os arquivos vieram do Kremlin.

Além disso, segundo o comitê, os documentos apontam o quão entrelaçada a campanha de Trump estava com as atividades de interferência russa, já que o empresário e sua equipe de campanha reagiram bem quando chegou a notícia de que o DNC (Comitê Nacional Democrata, em tradução livre) havia sido hackeado por russos.

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Documentos indicam ligação de campanha de Trump com atividades de interferência russa. Crédito: Pixabay

O documento também indica que Trump pediu que seus oficiais de campanha mantivéssem uma aproximação com o WikiLeaks, com o objetivo de obter documentos que ajudassem em sua corrida eleitoral.

De acordo com o Senado, o então presidente de campanha, Paul Manafort, trabalhou junto com o oficial de inteligência russo Konstantin Kilimnik que, segundo o documento, provavelmente está ligado às atividades de hacking contra o DNC.

Os ataques dos hackers russos contra a campanha de Hillary Clinton e o DNC renderam uma série de traumas na política americana e em empresas de tecnologia. O Google e Facebook, por exemplo, aumentaram suas medidas de segurança e agora se reúnem regularmente com agências do governo na tentativa de evitar a disseminação de desinformação eleitoral em suas plataformas.

Ataque e contra-ataque  

Em 2016, Donald Trump se envolveu em um escândalo durante a campanha pela Casa Branca, quando a imprensa americana teve acesso à um vídeo de 2005 em que o candidato, de forma obscena, tenta seduzir uma mulher.

Segundo o relatório do comitê, foi neste momento que Roger Stone, que era agente de campanha, pediu que as “coisas de Podesta” (em referência ao conselheiro de Hillary Clinton, John Podesta) fossem lançadas para “equilibrar o ciclo de notícias”.

Cerca de meia hora após a divulgação do vídeo, o WikiLeaks publicava mais de dois mil e-mails roubados de Podesta. Trump elogiou a plataforma, chamando os documentos vazados de “tesouro”. Além disso, o atual presidente usou os e-mails vazados em discursos e comunicados no decorrer da campanha de 2016.

usa-1561757_1280.jpgDonald Trump foi eleito em novembro de 2016 presidente dos Estados Unidos. Créditos: Pixabay

A negação russa

Como um alerta para campanhas futuras, o relatório indica as mais diversas formas pelas quais os hackers russos conseguiram influenciar a eleição de 2016. No entanto, mesmo depois de saber que os documentos partiram de cibercriminosos russos, Trump negou as descobertas do comitê.

O WikiLeaks informou que não tinha conhecimento da origem dos documentos, mas o relatório observou que, muito provavelmente, a organização sabia que se tratava de uma intervenção de hackers russos.

“Isso não pode acontecer novamente. À medida que entramos no calor da temporada de campanha de 2020, peço fortemente às campanhas, o poder executivo, o Congresso e ao povo americano a darem ouvidos às lições deste relatório para proteger nossa democracia”, afirmou o senador e vice-presidente do comitê, Mark Warner.


Fonte: CNet