O Facebook anunciou nesta quarta-feira (8) que desarticulou uma rede de 73 contas, 14 páginas e um grupo nas redes sociais sob a acusação de estarem ligados a contas falsas. A companhia aponta que essas contas estariam ligadas ao presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e seu ex-partido, o PSL, e eram usadas para propagação de memes e conteúdo político e para atacar opositores.
A rede social não diz que as contas eram usadas para divulgação de boatos, ou “fake news”. A motivação para desmontar a rede seria a identidade inverídica, a publicação de spam e o uso de mecanismos para aumentar artificialmente o alcance das publicações. Todas as práticas ferem os termos de uso das plataformas do Facebook.
Foram derrubadas 35 perfis no Facebook e mais 38 contas no Instagram. As duas redes sociais proporcionavam grande alcance às publicações, que alcançavam 1,8 milhão de seguidores, sendo 917 mil deles no Instagram e 883 mil no Facebook.
Nas palavras do Facebook:
“Esta rede consistia em vários núcleos de atividade conectada que utilizava uma combinação de contas falsas e duplicadas (algumas das quais foram detectadas e desabilitadas pelos nossos sistemas automatizados) para driblar a aplicação das regras, criar personalidades fictícias posando como repórteres, postar conteúdo e gerenciar páginas disfarçadas de empresas jornalísticas. Eles postavam sobre notícias locais e eventos incluindo política e eleições, memes políticos, críticas à oposição política, organizações de mídia e jornalistas e, mais recentemente, postaram sobre a pandemia do coronavírus. Parte do conteúdo postado pela rede já havia sido derrubado por violações dos Padrões da Comunidade, incluindo discurso de ódio.
Nós encontramos esta atividade como parte de nossa investigação sobre suspeitas de comportamento inautêntico coordenado no Brasil reportadas pela imprensa e referenciada em recentes depoimentos no Congresso no Brasil. Apesar de as pessoas por trás desta atividade tentarem esconder suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações de indivíduos associados ao PSL e alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flavio Bolsonaro e Jair Bolsonaro.”
O DFRLab, organização de pesquisa forense digital, teve acesso antecipado à investigação como resultado de uma parceria mantida com o Facebook para monitoramento de interferência eleitoral. Os pesquisadores disseram não ter conseguido confirmar os vínculos dos filhos do presidente mencionados pelo Facebook, mas encontrou relação com Carlos Bolsonaro, com o envolvimento de um dos membros de seu gabinete. Também foi relatada ligação com o deputado estadual de São Paulo Coronel Paulo Nishikawa.