Serviço Secreto dos EUA compra acesso à localização de celulares

Ferramenta de rastreamento também é usada por agências de fronteira do país
Vinicius Szafran17/08/2020 22h34, atualizada em 17/08/2020 22h50

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O Serviço Secreto dos Estados Unidos (USSS) assinou um contrato para acessar o Locate X, um serviço que permite à polícia rastrear a localização dos celulares dos usuários. Após uma reportagem da Protocol em março, a Motherboard publicou uma aparente confirmação do negócio nesta segunda-feira (17). O contrato indica que o Serviço Secreto pagou cerca de US$ 36 mil (cerca de R$ 198.340 em conversão direta) à empresa Babel Street, da Virgínia (EUA), para adicionar o Locate X a um pacote de monitoramento de mídia social de US$ 2 milhões.

A reportagem do Protocol descreve o Locate X como uma poderosa ferramenta de rastreamento que agrega dados de aplicativos populares e, em seguida, permite que os compradores rastreiem o histórico de localização de dispositivos ativos em um local e horário específicos. Segundo o Protocol, além do USSS, a Alfândega e Patrulha de Fronteiras dos EUA e a Imigração e Fiscalização da Alfândega também usaram o Locate X. O contrato publicado pela Motherboard, obtido por meio de um pedido permitido pela Lei de Liberdade de Informação, vigorou entre 2017 e 2018. Em março, um ex-funcionário afirmou que o USSS havia usado o Locate X para apreender instrumentos que clonam cartões de crédito, instalados em bombas de gasolina, em 2018.

Reprodução

Rastreamento de celulares põe em cheque a privacidade dos usuários. Imagem: Reprodução

Serviços como esse geralmente dependem de corretores de dados que permitem acesso a grandes quantidades de informação de usuários teoricamente anônimos, oficialmente destinados a comerciantes ou entidades não governamentais. No entanto, na prática, geralmente é possível identificar usuários individuais. Produtos como o Locate X permitem que os agentes da lei contornem a necessidade de um mandado e a solicitação de dados de empresas, um processo que fornece mais privacidade e responsabilidade.

Essa estratégia foi muito criticada por legisladores e defensores dos direitos civis. Em junho, a Câmara dos Representantes abriu uma investigação sobre a Venntel, uma empresa de rastreamento diferente que tem como cliente o Departamento de Segurança Interna. O senador Ron Wyden anunciou recentemente um novo projeto de lei, chamado de “A Quarta Emenda não está à venda”, que proibiria a compra de dados agregados por essas empresas. Wyden disse à Motherboard que seu escritório pediu à Babel Street mais detalhes sobre como o Locate X funciona, mas não recebeu resposta da empresa.

Via: The Verge

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital