A greve iniciada pelos funcionários da Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social) nesta semana, em resposta aos anúncios da privatização, obrigou a estatal a suspender o programa de demissões iniciado neste mês. A intenção da diretoria é reduzir a força de trabalho da Dataprev em 15%.
A estatal, incluída na lista de privatizações do governo federal, pretende demitir 494 dos 3,36 mil funcionários. Os servidores em greve reivindicam que os profissionais desligados da empresa sejam remanejados para o INSS, que carece de mão de obra para processar os pedidos de benefício social, como os de aposentadoria.
Até o momento, 13 funcionários da unidade de Sergipe já haviam recebido uma carta informando o desligamento. No entanto, nesta quarta-feira (29), eles foram avisados que as demissões estavam canceladas. A estatal, que pretende fechar 20 unidades, incluindo a de Sergipe, confirmou o comunicado.
A Dataprev foi obrigada a recuar, ao menos por enquanto, para cumprir com as exigências da Lei de Greve (7.783/89). Ela proíbe demissões ou novas contratações para substituir os grevistas durante paralisações.
A empresa estatal processa dados de políticas sociais do governo, como benefícios previdenciários e liberação do seguro desemprego. Por se tratar de serviços essenciais, eles devem continuar a ser feitos, independentemente de uma paralisação.
A diretoria da Dataprev planeja encerrar os trabalhos em 20 unidades até fevereiro. São elas: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Bahia, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia e Tocantins.
A Dataprev é uma das principais empresas de tecnologia da informação do Brasil. Assim como o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), a maior companhia de TI do país, está prevista para ser privatizada em junho do ano que vem.
Além disso, a empresa está no centro de uma crise. Desde o fim do governo Temer, as filas do INSS voltaram, aumentando ainda mais durante a gestão Bolsonaro. A diferença é que agora as filas são virtuais, o que significa que as pessoas não ficam mais aglomeradas em frente às agências.
Segundo o governo, o problema é a falta de pessoal e um atraso na entrega do programa desenvolvido pela Dataprev com as novas regras da Reforma da Previdência, aprovada em outubro passado. É justamente a insuficiência de servidores ativos no INSS que gera as reivindicações dos funcionários em greve.
A diretoria propôs ceder ao INSS apenas aqueles que não fossem aposentados. Organizações que representam os funcionários, como a Federação Nacional dos Trabalhadores em Processamento de Dados (Fenadados), a Associação Nacional dos Empregados da Dataprev (Aned) e sindicatos estaduais, recusaram a proposta. Segundo elas, todos os 494 servidores, aposentados ou não, devem ser cedidos ao INSS.
Via: UOL