Nas últimas 24 horas, Pequim, a capital da China, registrou 36 dos 49 novos casos confirmados da Covid-19 no país e fez surgir o temor acerca de uma suposta segunda onda de contaminações pelo coronavírus. Como resultado, 10 bairros residenciais foram colocados em quarentena e todas as escolas foram fechadas a partir desta segunda-feira (15).
Além disso, os controles no setor alimentar foram reforçados, visto que um novo foco de coronavírus foi descoberto em um dos principais mercados de Pequim, no distrito de Fengtai, ao sul da cidade, numa barraca de peixe. “Morcego, pangolim, agora o salmão e sempre a mesma tábua para cortar as carnes”, publicou um internauta chinês sobre a situação.
Imediatamente, as autoridades sanitárias da região iniciaram uma corrida para conter a disseminação do vírus no setor de produtos frescos. “Apesar da contaminação pelo consumo de peixe ser quase improvável de acordo com os especialistas, os supermercados e restaurantes retiraram o salmão dos cardápios e das prateleiras”, indicou o jornal Global Times. Inclusive, as pessoas que visitaram o mercado recentemente estão sendo identificadas por meio de mensagens enviadas aos cidadãos para questionar seus deslocamentos.
Mercado de carne em Pequim. Imagem: Tingshu Wang/Reuters
Testes rigorosos
Mais de 10 mil moradores da região, trabalhadores do mercado distrital e quaisquer pessoas que tenham visitado Fengtai nas últimas semanas já passaram por exames rigorosos, mas a intenção das autoridades é que a testagem abranja 46 mil cidadãos.
Em entrevista coletiva, Li Junjie, funcionário municipal de Pequim, informou que os novos casos identificados foram relacionados também com outro mercado, este no distrito de Haidian. Anteriormente, 11 bairros próximos à região já estavam isolados e diversas cidades do país solicitaram que seus moradores não viajassem a Pequim.
De acordo com o jornal local Beijing News, foram fechados provisoriamente, no total, seis mercados da capital.
Contudo, isso trouxe outro problema. “Em função do fechamento dos grandes centros de abastecimento, alguns produtos não são encontrados e os preços aumentaram”, contou uma comerciante do mercado de Tianfengli, também em Pequim. “Ontem, não tínhamos mais nabo. É um período muito estressante”, acrescentou.
O surgimento de novos casos em Pequim faz o inconsciente coletivo lembrar de Wuhan, onde teve início a pandemia global pela cadeia alimentar. Em Changsha, outra cidade chinesa, vídeos de agentes sanitários vasculhando as entranhas de crustáceos, em um mercado no distrito de Hunan, assustaram a população do país.
Contrôle dans un marché de poissons et fruits de mer à Changsha, Hunan. #COVID19 #coronavirus pic.twitter.com/QmscLa6C03
— Zhulin Zhang (@ZhangZhulin) June 14, 2020
Ainda assim, segundo epidemiologistas, depois do que a China aprendeu sobre a Covid-19, é pouco provável que a situação original se reproduza.
No momento, o país conta com 177 infectados, dos quais dois estão em estado grave.
Via: Uol