Covid-19: Aviação aposta em testes e cães farejadores para retomar voos

Indústria da aviação vem utilizando diversos métodos para identificação de passageiros com Covid-19
Vinicius Szafran24/09/2020 22h28, atualizada em 24/09/2020 23h00

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Aeroportos europeus começaram a implementação de testes rápidos de Covid-19, trabalhando com companhias aéreas para impulsionar tecnologias ainda em desenvolvimento. Essa é uma tentativa de reviver as viagens internacionais, extremamente afetadas pela pandemia.

Os testes, que ficam prontos em 30 minutos, são vistos como a maior esperança para a indústria da aviação superar a nova redução de viagens após uma modesta recuperação do tráfego. Outras iniciativas incluem um experimento finlandês com cães capazes de farejar o vírus.

O aeroporto de Fiumicino, em Roma (Itália), foi o primeiro do mundo a introduzir a triagem rápida, enquanto Heathrow, em Londres (Inglaterra), o mais movimentado aeroporto da Europa, testou três tecnologias rivais. A International Air Transport Association (IATA) apoia as verificações obrigatórias no momento da partida para movimentar o tráfego antes da chegada de uma vacina contra o coronavírus, enquanto a alemã Lufthansa deseja usar os testes para reabrir voos para outros continentes.

A indústria da aviação decidiu resolver suas dificuldades sozinha, depois de esforços anteriores com autoridades globais em torno de um plano unido fracassarem. Uma nova onda de casos do vírus desencadeou ainda mais restrições, freando a ligeira recuperação esboçada pela indústria. Agora, as empresas trabalham para iniciar os testes pré-voo em alguns mercados, torcendo para que outros lugares sigam o exemplo.

“Precisamos que o sistema funcione e funcione rapidamente”, disse Alexandre de Juniac, Diretor Geral da IATA, no Festival Mundial de Aviação. “Caso contrário, essa indústria não sobreviverá”. As verificações universais apresentarão desafios logísticos e mudarão o modo como as pessoas viajam, mas são vitais para a redução das medidas de quarentena que estão “matando a recuperação da indústria”, segundo Juniac.

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Indústria da aviação espera que aumento na testagem ajude a retomar as viagens. Imagem: Pixabay

Os últimos números da aviação global mostram que viagens de longa distância ainda sofrem muito e que a recuperação em viagens domésticas e regionais se estabilizou. As restrições têm sido especialmente fluidas na Europa, deixando os passageiros confusos quanto à necessidade de isolamento.

Os novos esforços concentram-se em verificações rápidas de antígenos, que procuram a presença de proteínas do vírus. Esses testes são mais baratos, mas um pouco menos precisos. Segundo Juniac, os exames devem estar prontos para implementação a partir de outubro.

Isso marca um afastamento dos chamados testes padrão ouro (PCR) que, por mais confiáveis que sejam, não são adequados para uso em aeroportos, pela demora de algumas horas no diagnóstico. Heathrow pretendia incluir testes PCR por US$ 191 cada, mas propôs um segundo teste cinco dias após o voo para permitir o período de incubação do vírus, durante o qual as pessoas devem se isolar. A Grã-Bretanha, porém, recusou o plano, alegando ser improvável atrair viajantes de países em risco, que seriam obrigados a se isolar por 14 dias.

Voos de Milão

O aeroporto de Roma fez testes por um mês, mas envolvendo apenas viagens domésticas do grupo estatal Alitalia entre a capital e Milão. Passageiros de alguns voos fazem um rápido teste de antígeno, financiado pelo governo local.

Os testes são feitos com um cotonete e os resultados saem em 30 minutos. As pessoas também podem embarcar nos aviões se tiverem sido testadas no dia anterior em um drive-in no aeroporto ou feito o PCR nas 72 horas anteriores ao voo.

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Aeroporto de Roma foi um dos primeiros a utilizar triagem rápida. Imagem: Song_about_summer/Shutterstock

Infectados serão impedidos de embarcar e deverão voltar para casa para cumprir o isolamento, tendo previamente preenchido um formulário no qual se compromete a fazê-lo em caso de resultado positivo.

Os romanos negociam com a Lufthansa, a Emirates (de Dubai) e a Aeroflot (Rússia) para introduzir a testagem em voos dessas companhias partindo de Fiumicino. Além disso, espera fornecer testes também para Nova York, em uma tentativa de restaurar a conexão vital entre os continentes.

Testes a R$ 55

De acordo com Juniac, os testes em massa custariam cerca de US$ 10 (R$ 55 em conversão direta) por pessoa quando disponíveis universalmente, mas ele espera que os governos financiem o processo. Funcionários do aeroporto poderiam realizar a triagem sem treinamento médico especializado e os resultados sairiam em 15 minutos, com sensibilidade de 97%. O chefe da IATA disse que os testes podem ser implantados junto com o PCR, que podem permanecer disponíveis para quem desejar fazer o exame antes da viagem.

No mês passado, Heathrow realizou testes com diferentes tipos de exames rápidos. Um deles, desenvolvido pela polonesa GeneMe, pode detectar o vírus em amostras de nariz ou garganta em 30 minutos, enquanto outro, da britânica Mologic, usa uma amostra de saliva para detectar anticorpos virais em dez minutos.

O terceiro é o nada convencional teste da startup britânica iAbra, chamado Virolens. Ele posiciona um microscópio e uma câmera digital para produzir um holograma altamente ampliado de uma amostra em apenas 20 segundos. A imagem então pode ser verificada em busca de vírus usando um software de inteligência artificial.

Mais rápido que a varredura óptica, só sentindo o cheiro. E foi exatamente isso que a Finlândia desenvolveu – ou, melhor dizendo, treinou. O aeroporto da capital Helsinque agora conta com cães farejadores treinados para identificar pessoas contaminadas em míseros dez segundos, cheirando um lenço passado na pele. O serviço é voluntário e destinado a pessoas saindo das aeronaves.

Via: Bloomberg

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital