Covid-19: inteligência artificial ajuda a detectar assintomáticos

Estudo conduzido pelo MIT reforça que o corpo de pessoas infectadas sem sintomas pelo novo coronavírus trazem alterações, mas elas são imperceptíveis pela detecção humana
Rafael Arbulu29/10/2020 19h05, atualizada em 29/10/2020 19h25

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O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) publicou um estudo em que seus autores afirmam que pessoas que foram infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) sem apresentar sintomas – as chamadas “vítimas assintomáticas” – não são tão despercebidas quanto pensávamos: embora mudanças em seus corpos sejam imperceptíveis aos olhos e ouvidos humanos, a inteligência artificial (IA) é capaz de detectá-las por meio de tossidas gravadas pelo celular.

O consenso clínico, desde o início da pandemia da COVID-19, é de que pessoas assintomáticas não seriam rapidamente detectadas por não apresentarem as mudanças mais evidentes da doença – febre, tosse seca, cansaço em excesso, dores em variadas partes do corpo -, “voando por baixo do radar”, como diz a expressão, e conduzindo suas vidas normalmente talvez até mesmo sem elas próprias saberem que estão doentes.

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Uma simples gravação da tosse pode separar vítimas assintomáticas da COVID-19 de pessoas saudáveis, minimizando a transmissão da doença. Imagem: Africa Studio/Shutterstock

Entretanto, de acordo com um estudo publicado no “IEEE Journal of Engineering” sobre Medicina e Biologia, um modelo de IA criado pelo MIT foi relatado como capaz de distinguir pessoas assintomáticas de indivíduos saudáveis por meio de gravações de tossidas forçadas feitas via smartphone. Mais além, essas tossidas não foram nem mesmo capturadas pessoalmente, mas enviadas aos pesquisadores por meio de apps como extensões de navegadores, e vídeos e áudios de laptops.

Com “dezenas de milhares” de gravações em mãos, os pesquisadores treinaram a inteligência artificial, comparando não apenas a tosse dos voluntários, mas também palavras ditadas e fonemas. Ao analisar o material, o modelo de IA conseguiu separar, com 98,5% de precisão, os assintomáticos dos saudáveis. E mais: o 1,5% onde ela errou refere-se a pessoas saudáveis – ou seja, a inteligência encontrou 100% dos infectados.

O objetivo agora é o de instalar o modelo dentro de um aplicativo de interface mais amigável ao usuário. A ideia é criar uma ferramenta que sirva como um método de identificação não invasivo, gratuito e preciso para possíveis infectados, onde a pessoa poderia fazer um login diário e tossir para o microfone do celular, recebendo um prognóstico quase que instantâneo.

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Novo coronavírus pode infectar pessoas sem que elas saibam, mas os chamados “assintomáticos” podem ser detectados graças a uma nova inteligência artificial. Imagem: CI Photos/Shutterstock

Evidentemente, não será o aplicativo a determinar se você tem ou não a doença, com o MIT ressaltando que ele deve servir mais como uma ferramenta de base. Assim como o eletrocardiograma de um Apple Watch não substitui uma visita ao cardiologista, o app não tomaria o lugar da análise de especialistas. Em ambos os casos, a ideia é que, diante de uma suspeita da tecnologia desenhada para isso, você procure um médico.

“A implementação eficaz dessa ferramenta de diagnóstico em grupo poderia diminuir a disseminação da pandemia se todos a usarem antes de entrar na sala de aula, ou fábrica, ou ainda um restaurante”, disse o co-autor do estudo, Brian Subirana, do MIT.

Uma vez que o app estiver pronto, a instituição o submeterá à aprovação da “Food and Drug Administration” (FDA) o órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos.

Fonte: Medical XPress

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital