O uso de máscaras faciais é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para minimizar a propagação do novo coronavírus. Agora, um novo estudo publicado na revista Physics of Fluids reforça a importância da proteção e destaca que a eficácia está associada aos materiais que compõem as máscaras

Os autores analisaram o fluxo de partículas liberadas durante a tosse em cenários com máscara N95, máscara descartáveis, mãos, lenços, cotovelos e sem nenhuma proteção. O estudo aplicou uma técnica chamada ‘fotografia de schileren’, que é utilizada para capturar imagens do fluxo de fluidos de densidade variável.

A partir da análise sequencial das fotografias, foram estimadas a velocidade e a propagação das gotículas expelidas. O experimento indicou que as máscaras N95 são os objetos mais efetivos para diminuir o alcance horizontal das partículas.

O acessório reduziu em 10 vezes a velocidade de propagação das gotículas, que apresentaram alcance horizontal entre 10 e 25 centímetros. No caso de máscaras cirúrgicas descartáveis, foi registrada a propagação por até 50 centímetros.

Em contrapartida, tosses sem qualquer cobertura da boca ou do nariz projetaram gotículas por até três metros – ou seja, um alcance seis vezes maior do que identificado no cenário de uso de máscaras cirúrgicas.

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Fotografias retratam a propagação da tosse em diferentes cenários. Imagem:  Padmanabha Simha

“Mesmo que uma máscara não filtre todas as partículas, se pudermos evitar que elas viajem para muito longe, é melhor que não fazer nada”, disse Padmanabha Simha, coautor do estudo e cientista da Organização Indiana de Pesquisa Espacial.

“Em situações em que não há máscaras sofisticadas disponíveis, qualquer máscara é melhor que nenhuma máscara para retardar a propagação da infecção”, pontua.

O trabalho ainda aponta que usar o cotovelo para encobrir uma tosse pode não ser eficiente. A menos que esteja coberto por uma manga, o braço pode não formar a vedação adequada contra o nariz para obstruir o fluxo da tosse, que é propagada em várias direções.

Para os pesquisadores, as máscaras devem ser usadas de forma complementar ao distanciamento social. “O distanciamento adequado é algo que não deve ser ignorado, já que as máscaras não são infalíveis”, argumenta Simha.

Máscaras para crianças

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um guia com orientações sobre o uso de máscaras por crianças de até 12 anos. As diretrizes determinam especificações diferentes para cada faixa etária. Crianças de até 5 anos são dispensadas do uso obrigatório de proteção facial, salvo em ocasiões específicas, como a aproximação física de alguém que esteja infectado. Nesse caso, é indispensável a presença de um adulto para supervisionar o uso seguro da máscara.

Já o uso por crianças de 6 a 11 anos deve considera uma série de fatores, como a taxa de disseminação do vírus na região; frequência com que a criança interage com pessoas idosas ou que sofram de problemas de saúde subjacentes; disponibilidade de um adulto para supervisionar o uso adequado da máscara, entre outros.

Crianças com deficiências intelectuais, distúrbios de desenvolvimento ou outras condições de saúde específicas também não são obrigadas a usar máscara. De acordo com a OMS, a necessidade de proteção deve ser avaliada pelos pais, educadores ou médicos da criança. Se a deficiência for relacionada ao trato respiratório, o uso de máscara é completamente desaconselhado.

A partir dos 12 anos de idade, o uso da proteção passa a ser obrigatório sob quaiquer condições.