Objetos estranhos são encontrados orbitando buraco negro da Via Láctea

A natureza dessas formações ainda é controversa
Redação16/01/2020 12h19, atualizada em 16/01/2020 12h53

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No centro da Via Láctea, há um buraco negro mássivo, com uma massa de quatro milhões de vezes a do Sol, o Sagitário A * (Sgr A *). Na última década, os cientistas encontraram dois objetos estranhos orbitando-o. Eles foram chamados de G1 e G2. Agora, mais quatro foram achados e podem mudar tudo o que os pesquisadores pensam sobre eles.

A natureza dessas formações ainda é controversa. Alguns astrônomos acreditam que são nuvens de gás, enquanto outros afirmam que parecem mais estrelas estranhas envoltas em poeira. “Esses objetos parecem gás e se comportam como estrelas”, afirmou Andrea Ghez, astrônoma da UCLA e coautora de um novo estudo, publicado na revista Nature.

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Usando dados infravermelhos coletados nos últimos 13 anos pelo gerador de imagens Osiris, instalado no Observatório W.M. Keck, no Havaí, a equipe conseguiu estudar os objetos com mais detalhes. Em 2014, os astrônomos observaram o G2 seguindo direto para o Sgr A *. A previsão de que os objetos eram formados por nuvens de gás, faria com que ele fosse engolido pelo buraco negro. Porém, não foi isso que aconteceu. O G2 se aproximou perigosamente do Sgr A *, mas sobreviveu.

“O G2 sobreviveu e continua feliz em sua órbita. Uma nuvem de gás não faria isso”, disse Ghez na época. Pouco depois, foi a vez do G1 se aproximar do buraco negro, e também sobreviveu, relativamente inalterado. A cientista, então, postulou que os objetos, na verdade, não eram nuvem de gás, mas sim o produto de estrelas binárias fundidas, resultando em uma única estrela massiva.

Uma segunda equipe de pesquisadores respondeu que o G2 certamente poderia ser uma nuvem de gás, sugerindo que o objeto fazia parte de um fluxo maior de gás que também incorporava o G1. Porém, essa hipótese foi gerada apenas com os dois objetos. Agora, com mais quatro, o mistério retorna. “Acho que a hipótese da serpentina de gás funcionou bem quando tínhamos G1 e G2, mas com 6 objetos orbitando em inclinações muito diferentes, essa hipótese é mais difícil de aplicar”, disse Anna Ciurlo, astrônoma da UCLA e autora do novo estudo.

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Ciurlo e sua equipe sugerem que a hipótese da fusão binária é uma “explicação convincente”. Os astrônomos encontram estrelas orbitando o Sgr A * na mesma vizinhança cósmica, mas elas não parecem ter as mesmas propriedades. Como as condições em torno dos monstruosos buracos negros são bastante extremas, pode não ser incomum ver estrelas binárias fundidas.

Stefan Gillessen, astrônomo do Instituto Max Plack e proponente da hipótese da serpentina de gás, sugere que é improvável que todos os objetos tenham sido formados a partir de uma fusão binária. Gillessen sugere que os “Gs” podem ser um punhado de fenômenos cósmicos diferentes e estranhos, como objetos estelares jovens ou nós estelares de vento.

Os objetos recém-descobertos vão passar pelo buraco negro supermassivo nos próximos anos, o que deve fornecer aos astrônomos mais informações sobre sua natureza. Os períodos orbitais dos novos objetos variam entre 170 e 1,6 mil anos, o que provavelmente vai dar uma única chance de estudá-los.

Para entender melhor o que são as estranhas estrelas, que talvez não sejam gás, a equipe vai precisar estudar a região com mais detalhes, mas também olhar mais para o cosmos. “Precisamos procurar mais objetos nesta região”, diz Ciurlo. “Mas também precisamos procurar objetos semelhantes em outros lugares, para entender se esse processo é exclusivo do ambiente do buraco negro ou não”, concluiu.

Via: CNet

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital