Satélites ‘Lego’ vão entrar em órbita

Materiais produzidos pela NovaWurks foram testados no passado, e agora vão integrar futuras missões espaciais
Redação31/12/2019 20h31, atualizada em 31/12/2019 22h30

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Há cerca de um ano, a SpaceX enviou para o espaço um foguete com mais de 60 pequenos satélites. Dentro de um destes satélites, o Excite, havia ainda mais. Na verdade, ele é um satélite feito de outros satélites, todos clones um dos outros, capazes de se unirem e trabalharem juntos. Foi um dos primeiros testes espaciais com esse material, que pode desempenhar papel em mais missões no futuro.

O Excite foi lançado ao espaço graças a uma empresa chamada NovaWurks, que fabrica “satlets”, ou seja, estes pequenos satélites com pequenos centímetros de espessura. Mesmo com esse tamanho, eles fornecem tudo o que um satélite necessita: formas de se comunicar com a Terra, mover-se no espaço e processar dados, além de possuir uma fonte de energia própria. Basta conectar a câmera, o sensor de radiação ou o circuito do computador antes do lançamento e enviar o pacote inteiro para o espaço.

A decolagem do foguete foi realizada com sucesso. Depois que ele alcançou altura, o Excite entrou em órbita. Tudo parecia bem, e a maioria dos instrumentos anexados – assim como a própria espaçonave – tiveram o desempenho esperado. Mas o Excite não conseguiu enviar comandos para alguns dos dispositivos a bordo e teve dificuldade para se conectar a algumas cargas úteis. Três das oito cargas conectadas aos satélites não conseguiram obedecer seus diretores de base.

Apesar da falha, organizações como a Nasa, a Força Aérea e o Escritório Nacional de Reconhecimento estão começando a apreciar esse tipo de tecnologia, que é mais barata e exige menos esforço dos cientistas. As organizações estão celebrando contratos e programas que fornecem a essa nova tecnologia uma volta à órbita. E a NovaWurks foi uma das primeiras empresas a realmente levar a ideia ao espaço.

A Darpa, organização avançada de pesquisa e desenvolvimento do Departamento de Defesa dos EUA, iniciou o projeto Phoenix. Um de seus objetivos, diz Todd Master, gerente de programa, era descobrir se seria possível combinar pequenos satélites em um maior.

Semelhante aos Legos, não só era possível fazê-los trabalhar em conjunto, mas também juntá-los em uma única peça. Assim, em 2012, a agência começou a negociar com a NovaWurks, que acabou se tornando a principal contratada para essa parte do projeto.

Uma grande vantagem destes “satlets” é a sua produção em massa, o que reduz os custos e afasta a ideia de que cada novo instrumento a ser enviado à órbita requer um satélite novo. Em vez disso, é possível comprar um satlet que fornecerá tudo o que uma câmera, dispositivo de radar, detector de rádio, sensor de infravermelho ou processador de dados precisará. Em teoria, o conjunto também pode se corrigir após o lançamento. Essa abordagem torna o envio de material para o espaço menos arriscado e potencialmente mais rápido para os desenvolvedores, porque eles não precisam construir um satélite inteiro do início.

Agora, os satélites da NovaWurks vão participar de novos programas. Eles serão parte essencial do Athena, um projeto conjunto entre a Nasa e outras instituições para pesquisar as mudanças climáticas. O estudo medirá a energia solar que a Terra reflete e absorve, coletada por um telescópio muito pequeno anexado ao satélite. Como a equipe só precisa desenvolver o telescópio em si, e não o veículo para hospedá-lo, eles podem trabalhar com mais rapidez e facilidade que antes. O Athena testará a tecnologia, que mais tarde poderá seguir a uma missão maior e mais complicada.

Fonte: Wired

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital