Estrela descoberta por cientistas brasileiros ‘sobrevive’ a uma supernova

Anã branca encontrada apresenta características incomuns, como oxigênio, néon, magnésio e silício em sua atmosfera
Luiz Nogueira16/07/2020 14h40, atualizada em 16/07/2020 14h55

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Uma estrela anã branca, que surgiu após uma estrela consumir todo o hidrogênio usado para alimentar suas reações de fusão, foi lançada pela Via Láctea a 900 mil quilômetros por hora depois de experimentar uma “supernova parcial”.

A anã branca em questão, apelidada pelos astrônomos de SDSS J1240 + 6710, foi descoberta originalmente em 2015 por três cientistas, dois deles brasileiros, Kepler Oliveira e Gustavo Ourique. Ela fez parte de um sistema binário de estrelas – que está a 1.430 anos-luz da Terra. Durante observações, especialistas detectaram uma combinação incomum de oxigênio, néon, magnésio e silício em sua atmosfera – ao contrário do hidrogênio e hélio normalmente encontrados.

Alguns anos depois, usando dados captados pelo Telescópio Espacial Hubble, da Nasa, uma equipe internacional de astrônomos descobriu que a anã branca também tinha traços de carbono, sódio e alumínio em sua atmosfera – os sinais reveladores de uma supernova.

Reprodução

Anã branca foi ejetada após supernova parcial. Foto: ESA/Reprodução

Tornando as coisas ainda mais incomuns, os cientistas não encontraram elementos mais pesados, incluindo ferro e níquel, que geralmente são encontrados após uma supernova.

Isso os levou a acreditar que a estrela apenas “experimentou” uma supernova. “É isso que torna essa anã branca única, ela sofreu queima nuclear, mas parou antes de completar o processo”, disse Boris Gänsicke, professor de física da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

“Ela [estrela] é única porque possui todas as características de uma anã branca, mas possui uma velocidade muito alta e abundâncias incomuns que não fazem sentido quando combinadas com sua baixa massa”, disse o físico.

Explicação

Segundo o especialista, o que pode ter acontecido é que o sistema em que a anã branca se encontrava passou por uma supernova parcial, deixando parte da anã para trás enquanto ejetava o restante através do espaço, como uma espécie de estilingue.

Tal evento teria resultado em um borrão de luz quase impossível de ser detectado da Terra. “Quando a supernova aconteceu, provavelmente foi breve, talvez algumas horas”, disse Gänsicke. “Estamos descobrindo que existem diferentes tipos de anã branca que sobrevivem às supernovas sob diferentes condições e, usando as composições de massa e velocidade que possuem, podemos descobrir por qual tipo de explosão passaram”, finaliza.

Via: Futurism

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital