Estrela ‘bizarra’ pode ser o resultado de uma colisão estelar

Localizada a 150 anos-luz da Terra, a estrela anã branca tem o dobro da massa da média da sua categoria, e se move 99% mais rápido do que os objetos na sua vizinhança
Renato Mota02/03/2020 22h38

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Uma estrela anã branca é o ponto final da evolução das estrelas de massa intermediária ou baixa, como o nosso Sol, depois de esgotaram seu combustível e eliminaram suas camadas externas. Elas são comuns no universo, mas pesquisadores da Universidade de Warwick, Reino Unido, descobriram uma bastante peculiar.

Localizada a 150 anos-luz da Terra, a estrela denominada WD J055134.612+413531.09 tem o dobro da massa média de uma anã branca, e ainda parece estar se movendo pela Via Láctea de maneira mais rápida do que 99% de seus vizinhos. Para completar, sua atmosfera externa possui altos níveis de carbono e níveis muito baixos de hidrogênio e hélio, como seria de se esperar.

“Esses não são os tipos de propriedades que você esperaria ver ao olhar para uma anã branca convencional”, afirma o astrônomo Mark Hollands, autor do estudo publicado na Nature, que sugere que essa anã branca não pode ter sido criada através da formação normal de estrelas. Em vez disso, deve ser o produto de uma colisão, há mais de um bilhão de anos, entre duas antigas anãs brancas de tamanho médio.

A hipótese é que essas estrelas começaram a orbitar umas às outras em um sistema binário, mas à medida que envelheciam, elas se aproximavam cada vez mais – até se fundirem. Se isso ficar comprovado, pode ter implicações importantes para a nossa compreensão da estrutura do universo. Algumas anãs brancas explodem em uma supernova quando morrem, e os astrônomos usam essas explosões para determinar a que distância estão.

“Na última década, muito se questionou sobre o que desencadeia esses eventos”, diz Hollands. O fato da colisão não ter resultado em explosão pode trazer um novo entendimento sobre como e por que as anãs brancas se tornam supernovas e nos ajudar a produzir mapas mais precisos de nossa vizinhança galáctica.

Mas para ter certeza, os astrônomos precisarão observar cuidadosamente pequenas mudanças no brilho da superfície da estrela, e entender melhor o seu núcleo. “Uma estrela que é o resultado de uma fusão deve ter uma estrutura central diferente daquela formada em circunstâncias mais comuns”, completa Hollands.

Via: New Scientist

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital