Circulação oceânica pode ser a chave para encontrar vida fora da Terra

Estudo indica que planetas com pressão superficial mais alta podem ter vida mais presente nos oceanos devido a um processo chamado ressurgência
Luiz Nogueira19/05/2020 16h37

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A presença de vida fora da Terra é uma das questões mais debatidas até hoje. Por conta da existência de milhares de planetas para explorar além do Sistema Solar, os cientistas devem encontrar formas de prever quais deles têm mais probabilidade de hospedar vida, já que as observações não são tão simples assim.

Para tentar ajudar com essa questão, Stephanie Olson, cientista planetária da Universidade de Chicago, e sua equipe publicaram no Astrophysical Journal um modelo que prevê como os padrões de circulação do oceano podem afetar a probabilidade de vida em outros planetas.

De acordo com Dorian Abbot, coautor do estudo, os trabalhos anteriores sobre o tema se concentraram principalmente no impacto climático dos oceanos em exoplanetas. A publicação atual avalia “o impacto que a circulação oceânica tem no ciclo de nutrientes, na produtividade biológica e, potencialmente, na presença de vida nesses locais”.

Observação do oceano

Reprodução

Processo de ressurgência faz com que os nutrientes das profundezas sejam trazidos para a superfície. Foto: Miguel Angel Soutullo Alvarez

Na Terra, a maior parte da vida presente no oceano está concentrada na camada superior, que recebe luz solar para apoiar organismos fotossintéticos e trocar gases com a atmosfera. Essa camada mista perde continuamente nutrientes para as regiões mais profundas e imóveis do oceano, à medida que os organismos mortos são puxados pela gravidade.

O retorno desses nutrientes à camada mista de suporte à vida depende de um processo conhecido como ressurgência, que ocorre em locais específicos onde o vento causa a divergência das águas superficiais, fazendo com que as profundas fluam para substituí-las. Isso faz com que alguns nutrientes essenciais para a vida subam para a superfície.

Esse mesmo fenômeno pode ser observado em outros planetas. Segundo o estudo, lugares que giram mais devagar que a Terra têm pressão superficial maior e, quando presentes, oceanos mais salgados, o que sugere uma ressurgência maior. Isso pode levar a uma vida fotossintética mais ativa, fazendo com que a vida na superfície seja mais fácil de detectar.

Além de ajudar na busca de vida em outros planetas, o modelo apresentado por Olson pode fornecer informações sobre os padrões de circulação oceânica da própria Terra. Ao longo de nossa história, a pressão superficial e o brilho do Sol mudaram. O trabalho da cientista sugere que a ressurgência aumentou ao longo do tempo, fazendo com que a vida nos oceanos também aumentasse por aqui.

Via: Phys

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital