O Sol, regularmente, passa por períodos de menor ou maior atividade. Variações no seu brilho ou a quantidade de manchas em sua superfície marcam esses intervalos e são observados por cientistas há alguns séculos. Porém, em comparação com outras estrelas da mesma categoria, o Sol é particularmente “monótono”.

Essa foi a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Max Planck de Pesquisa de Sistemas Solares que será publicado na próxima edição da Science. Pela primeira vez, os cientistas compararam o Sol com centenas de outras estrelas com períodos de rotação semelhantes, e a maioria apresentou variações muito mais fortes de atividade.

Segundo os pesquisadores, a distribuição de variedades radioativas de carbono e berílio em anéis de árvores e núcleos de gelo na Terra nos permite tirar conclusões sobre o nível de atividade solar nos últimos nove mil anos. Durante esse período, foram encontradas flutuações recorrentes de força comparável ao que vem acontecendo nas últimas décadas.

“No entanto, levando em conta a vida útil do Sol, nove mil anos são como um piscar de olhos”, afirma Timo Reinhold, autor do novo estudo. Com 4,6 bilhões de anos, “é concebível que o Sol esteja passando por uma fase silenciosa há milhares de anos e, portanto, tenhamos uma imagem distorcida de nossa estrela”, completa.

Para tirar a dúvida, Reinhold e seus colegas da Universidade de New South Wales, na Austrália, e da Escola de Pesquisas Espaciais, na Coréia do Sul, compararam o comportamento do Sol com o de outras estrelas com semelhantes temperatura da superfície, idade, proporção de elementos mais pesados ​​que o hidrogênio e o hélio e, especialmente, período de rotação.

“A velocidade com que uma estrela gira em torno de seu próprio eixo é uma variável crucial”, explica o Sami Solanki, diretor do Instituto Max Planck e coautor da publicação. A rotação de uma estrela contribui para a criação de seu campo magnético que “é a força motriz responsável por todas as flutuações na atividade”, diz Solanki.

Utilizando dados do telescópio espacial Kepler da Nasa, que registrou as flutuações de brilho de aproximadamente 150 mil estrelas entre 2009 e 2013. Aplicados os filtros, restaram 369 estrelas que se assemelham ao Sol em propriedades fundamentais. E enquanto entre as fases ativa e inativa a irradiância solar flutuou em média apenas 0,07%, as outras estrelas apresentaram variações muito maiores – em média cinco vezes mais fortes.

Pelo menos em um futuro próximo, não há indicação de qualquer “hiperatividade” solar. Pelo contrário: durante a última década, o Sol tem se mostrado bastante fraco, mesmo por seus próprios padrões. As previsões de atividade para os próximos onze anos indicam que isso não mudará em breve.

Via: Eureka Alert