Um grupo de cientistas europeus, liderados pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, apresentou uma nova teoria para explicar porque o norte magnético da Terra está se deslocando rapidamente do Ártico canadense em direção à Sibéria, na Rússia.

Em artigo publicado na revista Nature Geoscience, os pesquisadores atribuíram o fenômeno à competição entre duas massas magnéticas no núcleo externo da Terra. Segundo o estudo, mudanças na movimentação de materiais derretidos no interior do planeta têm alterado forças das áreas de fluxo magnético negativo.

“Essa mudança no padrão de fluxos enfraqueceu a parte abaixo do Canadá e aumentou ligeiramente a força da faixa abaixo da Sibéria. É por isso que o norte deixou sua posição histórica sobre o Ártico canadense e cruzou a Linha Internacional de Data. O norte da Rússia está vencendo o cabo de guerra”, disse Phil Livermore, professor associado da Universidade de Leeds, ao portal britânico BBC News.

Atualizações

O fenômeno obriga cientistas a empregarem atualizações mais frequentes em sistemas de navegação. O Centro Nacional de Dados Geofísicos dos Estados Unidos e o Serviço Geológico Britânica antecipou uma atualização do Modelo Magnético Mundial, em 2019. O documento representa o campo magnético de toda Terra e é usado para calibrar o sistema de posicionamento global, o popular GPS.

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No norte magnético as linhas dos campos incidem perpendicularmente na superfície (Foto: Siberian Art/Shutterstock)

Para chegar até a nova descoberta, Livermore e sua equipe revisaram concepções apresentadas pelo grupo anteriormente. Há dois anos, os cientistas sugeriram, em reunião da União Geofísica Americana, no estado de Washington, uma possível relação do deslocamento do norte magnético com o fluxo em alta velocidade de ferro derretido na região mais externa do núcleo da Terra, que se locomove rapidamente na direção oeste sob o Alasca e a Sibéria.

No entanto, o modelo dos pesquisadores e os dados de satélites que têm medido e acompanhado a evolução do campo magnético da Terra não correspondiam completamente. A equipe utilizou, sobretudo, informações dos satélites da missão Swarm, da ESA (Agência Espacial Europeia).

Eles decidiram então alinhar o estudo com outro fluxo no interior do planeta. “O jato está ligado à latitudes setentrionais muito altas e à alteração do fluxo no núcleo externo, responsável pela mudança na posição do polo, está, na realidade, mais ao sul”, afirmou Livermore.

“Há também o problema do momento das ocorrências. A aceleração do jato ocorre nos anos 2000, enquanto a aceleração do polo começa nos anos 90”, completou.

O novo modelo aponta que o norte magnético deve continuar avançando em direção à Rússia, mas pode perder velocidade em algum momento. Segundo os cientistas, ele chega a percorrer de 50 a 60 km por ano. “Ninguém sabe se isso retrocederá ou não no futuro”, ponderou o cientista.

Fonte: BBC