Os Estados Unidos estão decididos a conter a influência da China no setor de telecomunicações. Temendo que a Huawei domine a estrutura de implementação do 5G no Brasil, representantes da Casa Branca prometeram oferecer crédito às empresas brasileiras que optarem por não adquirir componentes da gigante chinesa.

Durante esta semana, o Brasil recebe uma comitiva americana liderada por Robert O’Brien, conselheiro de segurança do presidente Donald Trump. A finalidade oficial da visita é discutir um pacote comercial entre os dois países, mas as autoridades têm aproveitado a viagem para fazer uma campanha anti-China, como revelou uma reportagem da Folha de S. Paulo.

Segundo a publicação, movimentações de bastidores indicam a intenção dos Estados Unidos de usar a International Development Finance Corporation (DFC), instituição que dá suporte aos objetivos geopolíticos de Washington, e o Export-Import Bank (Exim Bank) para apoiar a compra de equipamentos da Ericsson e Nokia pelas empresas brasileiras.

De acordo com Sabrina Teichman, integrante da comitiva e diretora do DFC, a instituição vai destinar, globalmente, US$ 60 bilhões (R$ 335 bi) para esta finalidade. Já a presidente do Exim Bank, Kimberly Reed, disse em entrevista que pode oferecer até US$ 24 bilhões (R$ 134 bi).

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Exim Bank vai destinar US$ 24 bi para estimular concorrência à Huawei. Imagem: Pamela Au/Shutterstock 

“Temos a autoridade dada pelo Congresso americano de usar nossas ferramentas para equiparar as condições que a China pode oferecer, para que o mundo volte a comprar de novo produtos feitos nos Estados Unidos, que são excelentes, por um preço competitivo”, afirmou Reed.

Estrutura para o 5G

As principais operadoras brasileiras, incluindo Vivo, Tim e Claro, escolherão fornecedores de estrutura para o 5G durante o leilão das faixas de espectro para a implementação da tecnologia, marcado para o ano que vem. Segundo a Folha, elas ainda não receberam a proposta do governo americano oficialmente, mas o assunto já foi tratado em conversas informais com executivos.

Um dos principais nomes do mercado, a Huawei é acusada pelos EUA de espionar países do ocidente a serviço do governo chinês. Pressões da Casa Branca já fizeram com que a companhia fosse barrada do 5G em países da Europa, como França e Reino Unido.

Em contrapartida, a empresa é responsável por grande parte do aparato de 4G do Brasil, e o valor de uma possível troca seria potencialmente mais elevado que o oferecido pelos EUA.

Via: Folha de S.Paulo