Uma reportagem do Wall Street Journal revelou que Mark Zuckerberg desempenhou papel importante na expulsão do TikTok dos Estados Unidos. O CEO do Facebook teria atuado nos bastidores como lobista para convencer autoridades federais, incluindo o presidente Donald Trump, de que o aplicativo chinês seria uma ameaça aos ideais democráticos do país.
De acordo com o jornal, Zuckerberg teria se reunido com Trump para um jantar particular em outubro de 2019. A conversa teria sido crucial para que o presidente tomasse conhecimento das supostas práticas de espionagem conduzidas pelo aplicativo a serviço do governo chinês.
No mesmo mês, Zuckerberg discursou na Universidade de Georgetown, em Washington D.C., e aproveitou a oportunidade para criticar a expansão da China na internet.
“Há uma década, quase todas as maiores plataformas de internet eram americanas. Hoje, seis das dez principais são chinesas. Estamos começando a ver isso em redes sociais também. (…) É essa a internet que queremos?”, disse.
Em discurso na Universidade de Georgetown, Mark Zuckerberg defendeu a liberdade de expressão e o patriotismo. Imagem: Reprodução/YouTube
Além da reunião com Trump, há registros de encontros entre Zuckerberg e os senadores Tom Cotton e Josh Hawley, em outubro e novembro do ano passado, respectivamente.
Ambos os senadores subiram o tom de suas críticas ao TikTok depois das conversas com o bilionário. Cotton redigiu uma carta aberta sugerindo que fosse feita uma revisão de segurança no aplicativo, enquanto Hawley pediu que funcionários federais fossem obrigados a desinstalá-lo.
Facebook x TikTok
Em julho, o CEO do TikTok, Kevin Mayer, acusou o Facebook de promover “ataques malignos” para atrapalhar o app chinês. Na ocasião, fontes internas do Wall Street Journal afirmaram que Zuckerberg teria agido nos bastidores contra o aplicativo, mas sem dar detalhes.
“O Facebook está nos imitando pela segunda vez com o Reels, depois que sua primeira tentativa [o app Lasso] falhou rapidamente. Mas vamos concentrar nossas energias na competição justa e aberta a serviço de nossos consumidores, em vez de focar nos ataques caluniosos do Facebook, disfarçados de patriotismo e projetados para acabar com nossa presença nos Estados Unidos”, afirmou Mayer.
Com mais de 100 milhões de usuários estadunidenses, o TikTok é uma das maiores competições já enfrentadas pelo conjunto de aplicativos pertencentes ao Facebook, senão a maior. No final das contas, a estratégia discursiva adotada por Zuckerberg foi bem-sucedida: o aplicativo de vídeos curtos foi ordenado a vender suas operações ou abandonar os Estados Unidos.
É claro que, se for adquirido pela Microsoft, como é provável que aconteça, o TikTok continuará competindo diretamente com o Facebook – um embate inteiramente americano, porém.