Um quarto do exército britânico pode ser formado por robôs em 2030, segundo o comandante da equipe de Defesa do Reino Unido, general Nick Carter. Em entrevista à rede de TV Sky News no domingo (8), o oficial afirmou que deve crescer o número de máquinas autônomas ou controladas remotamente nas forças armadas do país.

“Suspeito que teremos um exército de 120 mil, dos quais 30 mil podem ser robôs, quem sabe?” disse, embora tenha enfatizado que não estava estabelecendo uma meta específica, mas uma estimativa.

Segundo Carter, o investimento em equipamentos robóticos – como tanques de guerra autônomos e drones – está previsto no programa de defesa integrada do Reino Unido, cuja revisão foi adiada no mês passado por decisão do chanceler Rishi Sunak, que tenta segurar os gastos do governo em meio à pandemia.

O general disse que as negociações com o Tesouro sobre o financiamento plurianual da Defesa estão ocorrendo “de forma muito construtiva”, mas que é preciso um investimento de longo prazo para que se tenha confiança nos planos de modernização.

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Número de drones e outros equipamentos robóticos no exército britânico pode chegar a 30 mil em 2030. Imagem: Lukas Davidziuk/Shutterstock

Uma das razões para a iniciativa é a baixa taxa de recrutamento de soldados no Reino Unido. Atualmente, as forças armadas treinadas do país somam em torno de 74 mil membros, abaixo da meta de 82 mil.

Os robôs, então, serviriam para preencher lacunas. Por isso, a Defesa desenvolve projetos de pesquisa em robotização envolvendo veículos terrestres e aquáticos movidos à distância. Um deles é o drone i9, que carrega duas armas de fogo e pode ser utilizado para invadir edifícios.

É preciso cautela na adoção de robôs

Os termos do Ministério da Defesa estabelecem que o disparo de armas seja permitido somente por seres humanos, evitando preocupações sobre ataques robóticos fora de controle. Entretanto, o general Carter defende que o processo de modernização seja realizado com cautela, já que uma “escalada incerta e apressada” poderia levar a conflitos.

“Se você olhar para o século passado, antes das duas guerras mundiais, acho indiscutível que houve uma escalada [no desenvolvimento de armas] mal calculada que acabou levando a uma guerra em proporções que esperamos nunca mais ver”, afirmou.

Perguntado se estava prevendo outra grande guerra potencializada pelo armamento robótico, o general concluiu que trata-se de uma possibilidade, e que, para evitá-la, é necessário que todos estejam cientes de seu risco.

 

Fonte: The Guardian