Com muito estudo durante anos e anos, o homem conseguiu descobrir diversas informações sobre a era dos dinossauros, entretanto, muito ainda é questionado sobre como a Terra era antes deste período. Mas estudo revelado pela BBC na segunda-feira (21) pode oferecer algumas respostas sobre o assunto. Isto porque a pesquisa sugere que outro grande evento de extinção, ocorrido há cerca de 233 milhões de anos, pode ter dado origem e chance de vida aos dinossauros.

Pistas indicam que estes seres apareceram graças a uma série de explosões onde hoje encontra-se a costa oeste do Canadá. Essa sucessão de detonações teria causado um massivo aquecimento global. Todo o ambiente teria alterado de forma radical a estrutura do nosso planeta, matando, inclusive, muitos dos tetrápodes dominantes na época.

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Estudo indica que uma primeira grande extinção tenha acontecido devido a enormes explosões. Créditos: Purnomo Capunk/Unsplash

Levando em conta que a extinção dos dinossauros ocorreu no período Cretáceo, há 66 milhões de anos, que geólogos e paleontólogos concordam com uma lista de cinco desses eventos, dos quais a extinção em massa do fim do Cretáceo foi o último, a descoberta torna-se totalmente inesperada.

Denominado Evento Pluvial Carniano (CPE, na sigla em inglês), acredita-se que o episódio pode ter matado tantas espécies quanto o asteroide que extinguiu os dinossauros. A partir do CPE, a Terra passou por mudanças profundas no que diz respeito à plantas e herbívoros.

Além disso, o estudo mostra que os dinossauros se expandiram rapidamente pelo espaço terrestre, tornando-se a espécie dominante do ecossistema. Vale destacar que a era dos dinossauros durou mais de 165 milhões de anos, sendo que em apenas 10 a 15 milhões de anos estes seres já haviam tomado conta do planeta.

Pistas

Indícios deste evento já haviam sido percebidos por volta de 1980, todavia, na época, acreditava-se que ele havia sido restrito à Europa. De início, geólogos na Alemanha, Suíça e Itália reconheceram uma grande rotatividade entre as faunas marinhas há cerca de 232 milhões de anos.

Já em 1986, houve o reconhecimento global do fato, o que indicou a solução à várias mudanças em escala planetária. De qualquer forma, a década de 80 reservava um processo lento de determinação de idade, tornando inviável saber se os dois eventos tratavam-se do mesmo.

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Evidências da existência e extinção dos dinossauros já era conhecida pelo homem. O período antes desta era começa a ser desvendado somente agora. Créditos: James Lee/Unsplash

A resposta para tantas perguntas ficou mais clara apenas quando o Reino Unido e partes da Europa admitiram um período de cerca de um milhão de anos de climas úmidos. O fato foi analisado juntamente com o CPE, exatamente no pico de erupções dos Wrangellia. Este termo é usado por geólogos para se referir a uma placa tectônica estreita que está ligada à costa oeste do continente norte-americano, ao norte de Vancouver e Seattle.

A partir deste momento, com as evidências e outras pistas, o Evento Pluvial Carniano também foi reconhecido na América do Sul, América do Norte, Austrália e Ásia.

Erupções

A série de explosões que deu origem ao CPE vieram de enormes erupções que liberaram dióxido de carbono, metano e vapor d’água na atmosfera da Terra, o que levou a um grande aquecimento global e ao aumento das chuvas, inclusive ácidas, em todo o planeta. Oceanos rasos também sofreram acidificação.

Este ambiente expulsou plantas e animais dos trópicos, além de ter matado grande parte da flora, enquanto a acidificação dos oceanos atacou todos os organismos marinhos com esqueletos carbonáticos. Após este período, especulações sugerem que a vida pode ter começado a se recuperar, mas as altas temperaturas terrestres foram outro obstáculo neste sentido.

A subsequente secagem da Terra beneficiou não só o surgimento dos dinossauros, mas também marcou o início dos recifes de corais modernos.

Próximos passos

A descoberta pode parecer o suficiente para explicar a origem dos dinossauros e como a Terra era antes deles, mas muitas etapas ainda estão pela frente. O ideal, neste momento, segundo Michael Benton, professor de paleontologia de vertebrados na Universidade de Bristol, é entender como este fato ocorreu de forma mais profunda.

Benton explica que os geólogos precisam, a partir de agora, investigar detalhes sobre a atividade vulcânica encontrada em Wrangellia e como ela mudou nosso ecossistema. Os paleontólogos precisarão observar mais de perto este fato, comparando cada parte com dados de registros fósseis marinhos e continentais. O objetivo é que esta análise ajuda o homem a entender como a crise se desenrolou em termos de perda de biodiversidade, bem como explorar como a Terra se recuperou de tamanho impacto.