Um grupo de cientistas e arqueólogos identificaram evidências de neurônios no cérebro de uma vítima da erupção do vulcão Vesúvio, atualmente localizado na Itália. O artigo publicado na revista Plos One sugere que mesmo com a explosão que ocorreu em 79 D.C., as células cerebrais do indivíduo ainda estão preservadas, o que torna a descoberta única, considerando que cérebros tendem a se decompor rapidamente após a morte.

O material foi detectado em um corpo encontrado em 1960 na antiga cidade de Herculano, deitado em uma cama de madeira. Trata-se do corpo de um homem de 25 anos, que depois de ter a massa encefálica descoberta, passou a ser estudado mais de perto pelo pesquisador de medicina legal Pier Paulo Petrone, da Universidade Frederico II.

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Estudo do corpo de homem de 25 anos sugere a existência de neurônios preservados mesmo após milhões de anos. Créditos: Billion Photos/Shutterstock

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“A descoberta de tecido cerebral em antigos restos humanos é um evento incomum, mas o que é extremamente raro é a preservação integral das estruturas neuronais de um sistema nervoso central de dois mil anos atrás, em nosso caso em uma resolução sem precedentes”, disse Petrone.

O cientista acredita que o crânio da vítima tenha sido aquecido e esfriado tão rapidamente a ponto de o cérebro ter se transformado em uma espécie de vidro preto. Segundo ele, o que mais impressiona é que normalmente, em uma situação de calor extremo, como em uma erupção, é comum que a matéria cerebral se “saponificasse”, ou seja, se transformasse em sabão (glicerol e ácidos graxos).

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Mas contrariando todas as expectativas, o corpo desta vítima em particular foi “vitrificado”, isto é, fundido em vidro. Diante da transformação material, o pesquisador estima que, na erupção, as temperaturas possam ter chegado a 520 graus Célsius ou 984 graus Fahrenheit.

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Vulcão de Vesúvio pode ter causado temperaturas extremamente altas em sua erupção. Créditos: Andrea De la Parra/Shutterstock

Teoria alternativa

No entanto, há quem discorde com o estudo de Pier Paulo Petrone. O antropólogo forense Tim Thompson, da Teesside University, por exemplo, acredita que um calor mais duradouro e de baixa intensidade possa ter matado o homem de 25 anos. Thompson disse se sentir frustrado em saber que a equipe de Petrone não compartilhou dados brutos ao divulgar sua teoria, mas somente uma lista das proteínas e expressões gênicas relacionadas.

De qualquer forma, seja qual foi a causa para a “vitrificação” do material cerebral no crânio encontrado, a descoberta é inovadora, visto que se tratam de quase dois milênios de neurônios preservados, um evento nada comum na arqueologia.

Via: Ars Technica/Futurism