Um dos argumentos para a sustentabilidade de aplicativos como Uber e Lyft é que eles tiram carros das ruas – as pessoas deixam seus veículos em casa e optam pelo uso compartilhado. Porém, um estudo sugere que o que pode estar acontecendo é exatamente o contrário: ao invés de contribuir para a diminuição das emissões de gases poluentes, os apps de carona podem resultar num aumento da poluição.
De acordo com a Union of Concerned Scientists (“União de Cientistas Preocupados”, uma organização sem fins lucrativos de cientistas para proteção ambiental), as viagens de carona resultam, em média, em um aumento de 69% na poluição climática do que as viagens que eles supostamente deveriam substituir. Esse impacto ocorre especialmente nas cidades grandes, onde viagens de aplicativos substituem transportes de baixo carbono, como transporte público, ciclismo ou caminhada.
O grupo de pesquisadores cobra do Uber e do Lyft ações para a redução dessas emissões, investindo para converter sua frota para veículos elétricos ou incentivando clientes a fazer viagens juntos. Ainda segundo a pesquisa, comparado a uma viagem de carro particular, a viagem de carona (sem compartilhamento entre usuários) produz cerca de 47% mais emissões de carbono. Se dois passageiros dividirem a corrida, a taxa de emissões cai em 33%.
“O transporte é a maior fonte de emissões de gases do efeito estufa, incluindo dióxido de carbono. Por isso é mais importante mais do que nunca que a indústria da carona contribua para um sistema de transporte mais baixo em carbono e mais sustentável”, cobram os pesquisadores.
Não é que as empresas estejam totalmente alheias à causa. Em diversos países, tanto a Uber quanto a Lyft têm realizado medidas para reduzir sua pegada de carbono, como a introdução de serviços de compartilhamento de bicicletas e scooters, agendamento e emissão de bilhetes de transporte público integrados em seus aplicativos.
De acordo com o site The Verge, o Lyft lançou um investimento multimilionário para se tornar um serviço de transporte sustentável – e até comprou créditos de carbono – enquanto o Uber na América do Norte já distribuiu incentivos em dinheiro para motoristas que usam veículos elétricos.
Porém, em outros lugares (como no Brasil, especialmente), a maior parte das viagens nas plataformas é alimentada por veículos movidos a combustíveis com gasolina, etanol e gás. “Em um dia típico, o Uber realiza quase 14 milhões de viagens; em 2018, a Lyft comemorou um bilhão de passeios. Com os odômetros funcionando dia e noite em todo o mundo, é difícil não pensar no que essas muitas e muitas corridas significam para o meio ambiente e qual o impacto que elas estão causando nas mudanças climáticas”, afirmam os cientistas.