Usuários do TikTok gravam vídeos ‘imitando’ vítimas do Holocausto

Nova moda no aplicativo tem causado desconforto ao redor do mundo; museu de Auschwitz definiu onda como 'dolorosa e ofensiva'
Leticia Riente28/08/2020 11h55, atualizada em 28/08/2020 13h16

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Uma nova moda entre alguns usuários do TikTok tem causado desconforto ao redor do mundo: vídeos onde pessoas fingem ser vítimas do Holocausto têm se multiplicado na rede. A ação abre caminho para que sobreviventes e suas famílias sintam-se ofendidos, assim como ofende a memória das vítimas. A direção do museu de Auschwitz, na Polônia, definiu a onda como “dolorosa e ofensiva”, em comunicado publicado no Twitter nesta semana.

Nos vídeos de curta duração, usuários, normalmente adolescentes, aparecem com maquiagens que imitam hematomas, além de roupas que fazem lembrar o uniforme que era usado pelos judeus nos campos de concentração. Ao fundo, músicas do gênero pop ou uma trilha sonora com efeitos de tiros fazem parte da “imitação”.

Hoje, o museu de Auschwitz está localizado em um antigo campo de concentração, onde estima-se que um milhão de vidas foram ceifadas por nazistas. O espaço dedicado à memória da vítimas afirmou que a nova moda do TikTok está além do limite das banalizações da história. A direção do museu também ressaltou que cada trajetória vivida entre as paredes do espaço é extremamente trágica, dolorosa e emocionante.

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Museu de Auschwitz se pronunciou sobre as imitações no TikTok e disse lamentar o uso da tragédia como forma de criar entretenimento. Créditos: Shutterstock

Ainda no comunicado, o museu destaca que alguns dos vídeos não foram criados com o intuito de homenagear as vítimas ou honrar suas memórias, mas apenas para inserir usuários em uma nova moda de uma rede social.

De qualquer maneira, como forma de pregar a paz, o comunicado do museu de Auschwitz também fala que os vídeos nasceram da “motivação de algumas pessoas em encontrar formas de expressar memórias pessoais”. Segundo a direção do local, para isto, muitos usaram as linguagens simbólicas que lhes eram familiares.

No entanto, a orientação por parte do museu é que não se deve envergonhar quem participou da moda, mas sim tornar o triste incidente em um “desafio educacional”.

Cabe ainda lembrar que várias pessoas em outras redes sociais definiram como “desrespeitosa” e “perturbadora” a nova onda de vídeos do TikTok.

O que diz o TikTok

Nesta sexta-feira (28), o TikTok se posicionou em e-mail enviado ao Olhar Digital e destacou que suspendeu a busca pela hashtag envolvida no caso. Confira a nota completa enviada pela empresa abaixo:

“Manter nossa comunidade segura é nossa maior prioridade. Nossas Diretrizes da Comunidade deixam claro que não toleramos conteúdo de discurso de ódio que vise qualquer indivíduo ou grupo com base em atributos protegidos. Bloqueamos preventivamente a capacidade dos usuários de pesquisar #holocaustchallenge no início desta semana e também estamos redirecionando quaisquer pesquisas por esta hashtag para nossas Diretrizes da Comunidade para educar ainda mais os usuários sobre nossas políticas e a comunidade inclusiva e de apoio que trabalhamos para promover no TikTok”

Fonte: BBC News

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital