Pentágono desenvolve sistema contra armas hipersônicas

Nova categoria de ameaças voa a pelo menos cinco vezes a velocidade do som e é capaz de alterar sua trajetória para escapar de sistemas de defesa e interceptores
Rafael Rigues18/12/2019 13h35, atualizada em 18/12/2019 16h33

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Antes coisa de ficção científica, armas hipersônicas estão se tornando uma ameaça cada vez mais real. Capazes de viajar a pelo menos cinco vezes a velocidade do som e manobrar para atingir um alvo, elas podem destruir uma coluna de infantaria ou grupo de combate que acompanha um porta-aviões em questão de minutos, sem dar às vítimas tempo para reagir.

Segundo Michael Griffin, subsecretário de Defesa dos EUA para Pesquisa e Engenharia, em 2017 a China testou mais armas hipersônicas do que os EUA em uma década. E a Rússia já demonstrou o Avangard, um planador hipersônico capaz de viajar a nove vezes a velocidade do som, percorrendo 11.200 km em uma hora para entregar uma arma nuclear de 2 megatons, mais de 130 vezes a potência da bomba de Hiroshima.

Armas hipersônicas são “mísseis turbinados que não seguem uma trajetória balística padrão e podem manobrar em torno de defesas fixas ou voar junto à superfície abaixo da cobertura do radar. Essas são ameaças inerentemente imprevisíveis que podem ser disparadas de silos fixos, lançadores móveis ou navios no mar”, disse Ken Todorov, vice-presidente de Soluções de Defesa contra Mísseis da Northrop Grumman.

Para conter ameaças como esta, a Agência de Defesa de Mísseis (MDA – Missile Defense Agency) dos EUA está apostando em uma nova tecnologia de sensores especialmente projetada para rastrear continuamente mísseis hipersônicos, chamada Hypersonic Ballistic Missile Tracking Space Sensor (HBTSS, ou “Sensor Espacial Para Rastreamento de Mísseis Balísticos Hipersônicos”).

“O HBTSS se tornará parte principal de uma camada de rastreamento híbrido dentro da Arquitetura Espacial de Defesa Nacional, que consiste em sistemas em órbitas diferentes que fornecem a capacidade de detectar e rastrear tanto mísseis balísticos convencionais quanto ameaças emergentes”, disse a porta-voz da Agência de Defesa de Mísseis, Maria Njoku. .

O MDA recentemente deu às empresas L3Harris, Raytheon, Northrop Grumman e Leidos contratos para a “fase II” do HBTSS, que envolverá o desenvolvimento de protótipos e carga útil;

De acordo com os atuais parceiros industriais do Pentágono e dos EUA, o HBTSS pode tornar a defesa possível, apesar da velocidade e do poder destrutivo de um ataque hipersônico. O HBTSS está, entre outras coisas, sendo projetado com o propósito específico de estabelecer rastreamento contínuo, seguindo armas hipersônicas desde o lançamento até o impacto.

“A missão do HBTSS é detectar e rastrear ameaças hipersônicas e mísseis balísticos, fornecendo dados críticos com baixa latência ao Sistema de Defesa Contra Mísseis”, disse Njoku.

Os sistemas de radar existentes, que analisam o sinal refletido por uma ameaça, são limitados por uma trajetória linear e não podem “enxergar” além do horizonte sem um sensor no ar. Como resultado, o Pentágono continua aprimorando as tecnologias de rede projetadas para vincular e integrar uma variedade de diferentes radares.

O HBTSS é, por outro lado, projetado para estabelecer um rastreamento contínuo de um míssil que se aproxima, possibilitando melhores opções de contramedida, como interceptadores, sistema de guerra eletrônica projetado para tirar o míssil do rumo ou outras categorias de opções defensivas emergentes.

“O HBTSS será uma rede de sensores em uma constelação de satélites em órbita ao redor da Terra, com a capacidade de observar ameaças globais sem as limitações da linha de visão dos radares terrestres”, explicou Njoku.

Cada empresa contratada tem até 31 de Outubro de 2020 para demonstrar suas propostas de sensores para o HBTSS. Os contratos são avaliados em US$ 20 milhões cada.

Fonte: Defense Maven

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital