As operadoras de telecomunicação Oi, Tim e Vivo manifestaram nesta quinta-feira (31) o desejo de que o leilão da internet 5G seja adiado. O evento que distribuirá as faixas de frequência de operação do 5G, que será realizado pela Anatel, estava previsto para acontecer em março de 2020, mas a data ainda não foi definida pelo órgão regulador. 

A Oi considera que uma prorrogação da data pode ajudar as empresas a “tomarem fôlego” após os investimentos feitos nas redes 4G. Já a Tim e a Vivo afirmaram que defendem a ideia do adiamento do leilão apenas se isso resultar em regras mais favoráveis para o setor. Com ceticismos e ressalvas por parte das empresas, é possível que o leilão ocorra somente em 2021. 

Oi

“A gente sabe que o leilão de 5G não vai acontecer na primeira metade do ano que vem. Existe a expectativa de acontecer na segunda metade de 2020, é possível. Mas nada impediria que ele acontecesse em 2021”, afirmou Rodrigo Abreu, COO da Oi, em entrevista à imprensa durante a Futurecom 2019. “É óbvio que se for para frente, melhor. De fato o país ainda está no suspiro do investimento feito nas redes de 4G e 4,5G”, completou. 

Abreu disse que não vê motivos para tratar o tema com “urgência absurda”. Do outro lado da moeda, empresários, o meio acadêmico e o governo já expressaram o desejo de contar com a tecnologia no país o mais rápido possível.

O Ministério da Economia estima que o 5G pode agregar R$ 249 bilhões no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil até 2035, em decorrência do aumento da produtividade com a implementação da internet mais veloz, que vai permitir desde a criação de carros autônomos até cirurgias feitas por médicos à distância. 

Apesar de expressar sua opinião contra a “pressa” do leilão, o COO  disse que a Oi vai participar do certame para comprar lotes da faixa de 700 Mhz (usados principalmente para o 4G) e lotes de 3,5 Ghz (voltados para o 5G). 

Vivo

Christian Gebara, presidente da Telefônica Brasil, que é dona da Vivo, afirmou na quarta-feira (30) na Futurecom que também prefere o adiamento do leilão, mas com regras corretas, em vez de ser estimulado a acontecer rapidamente com regras desfavoráveis.

“A necessidade de cobertura e de expansão da tecnologia vai exigir que as empresas tenham capital para fazer esse investimento. Se esse capital for reduzido pela compra de frequência, teremos um problema para o desenvolvimento do país”, disse o executivo.

Gebara também pediu que a oferta dos lotes não crie uma competição excessiva que acabe desfavorecendo as grandes operadoras, sob o risco de a implementação das redes ficar comprometida. “As empresas líderes são aquelas que realmente vão conseguir construir a cobertura nacional”, afirmou. 

Tim

Pietro Labriola, presidente da Tim Brasil, seguiu a mesma linha de Abreu e Gebara e se mostrou favorável ao adiamento do leilão. “Se acontecer com um pouco mais de atraso, mas com regra certa para garantir o retorno do investimento, eu fico mais feliz”, afirmou o executivo. 

Labriola sugeriu que o certame não cobre valores elevados por conta da outorga das frequências e pediu que fossem estabelecidos compromissos de maior cobertura das redes. “Faz sentido um modelo no qual o valor do leilão é mais baixo, mas acompanhado do compromisso de desenvolvimento de infraestrutura que vai gerar ganho para todo o país, com entrega de riqueza e desenvolvimento para todos”, comunicou.

A Anatel deve publicar nas próximas semanas a consulta pública para o edital do leilão. O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Julio Semeghini (PSDB-SP), manteve o discurso de agilizar o leilão durante a Futurecom 2019, afirmando que a intenção do governo é realizá-lo ainda em 2020.

Em entrevista ao Estadão, Semeghini disse que ainda não existe uma definição dos valores das outorgas e das obrigações, embora o relator do edital, Vicente Aquino, tenha anunciado previsão de movimentar R$ 20 bilhões.