Fezes podem curar diversos tipos de infecções

Transplante de fezes pode ser usado como alternativa para pacientes que não respondem aos antibióticos ou que necessitam reabilitar o equilíbrio da flora intestinal
Redação27/11/2019 12h48, atualizada em 27/11/2019 14h18

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Pode parecer estranho, mas o transplante de fezes (FMT) de um doador saudável é um tratamento cada vez mais comum para alguém com infecção estomacal. Estima-se que dezenas de trilhões de microrganismos vivem em nosso intestino e, se o equilíbrio da flora sair do controle, serão causadas inúmeras doenças e problemas desagradáveis.

Além das complicações na digestão, os cientistas acreditam que os transplantes de matéria fecal podem ser uma das futuras curas para uma tonelada de doenças diferentes, entre elas o Alzheimer e o câncer. No geral, o FMT é usado para tratar infecções causadas por Clostridium difficile, ou apenas “C. diff”, uma bactéria que causa condições problemáticas como diarreia, náusea e febre. A “C. diff” pode ser encontrada em todos os lugares: solo, água e até mesmo em alguns produtos alimentares e seu tratamento requer antibióticos e internações, mas que nem sempre podem ter resultados eficazes.

Mesmo após inúmeras rodadas de antibióticos, é possível que alguns pacientes enfrentem o retorno da bactéria. É nesse cenário que o FMT pode servir como tratamento e ajudar organismos que não respondem aos medicamentos, que com o tempo destroem a flora intestinal. Nesse sentido, o FMT também se torna útil, pois ajuda a reabilitar o equilíbrio das bactérias intestinais após um período de longa exposição aos antibióticos.

Como funciona um Transplante de Fezes

Reprodução

O preparativo do procedimento é parecido com uma colonoscopia, um exame que usa técnicas da endoscopia para analisar o intestino grosso. Depois de tomar um remédio contra a diarreia e ser sedado, o paciente recebe uma injeção do transplante da amostra fecal no cólon através de um tubo de colonoscopia. Após acordar, o remédio contra a diarreia segura as bactérias saudáveis no organismo, o que aumenta as chances de se proliferarem e auxiliarem o tratamento.

A doação normalmente vem através de familiares ou amigos, mas qualquer um pode realizar. Para isso, é necessário passar por um processo rígido com visitas ao laboratório pelo menos duas ou três vezes por semana para garantir que a flora intestinal é saudável.

O FMT não está entre as práticas favoritas dos médicos no que diz respeito às condições de segurança. Em junho deste ano, o FDA (Food and Drug Adminsitration) a “Anvisa americana” informou aos profissionais da saúde que dois adultos imunocomprometidos sofreram infecções com o procedimento e deles um faleceu.

Agora, o FDA tem novas medidas de segurança para o FMT e classificam os transplantes como “investigacionais”. Em outras palavras, a agência reconhece que o procedimento pode ter riscos e por isso, deve ser o último recurso escolhido pelos pacientes. Atualmente, existem vários estudos clínicos que investigam transplantes fecais como cura para a Doença de Crohn e Síndrome do Intestino Irritável.

No Brasil, o primeiro transplante de fezes ocorreu em 2014 no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para tratar de colite. Três anos depois o Hospital das Clínicas da UFMG foi pioneiro em criar um Centro de Transplante de microbiota fecal e manter um banco de fezes, mantido por quatro doadores. Além disso, é possível realizar o procedimento no SUS e em convênios – apesar de ainda não existir uma tabela de preços específica.

Via: CNet

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital