Os processos para a chegada do 5G ao Brasil continuam a se desenrolar, mas parece que instituições do setor discordam com posicionamentos do governo brasileiro quanto ao caminho para o objetivo. Desta vez, a Federação Nacional de Infraestrutura de Redes e Telecomunicações (Feninfra) se pronunciou e destacou não ser viável que o Brasil interfira no mercado com uma possível proibição de equipamentos chineses, como os da Huawei. No mês passado, uma comitiva americana ofereceu créditos às empresas brasileiras que optarem por não adquirir componentes da gigante chinesa.
A colocação veio na quarta-feira (25) por parte da presidente da Feninfra, Vivien Suruagy. No comunicado, ela ainda reforçou a importância da chegada da tecnologia ao país, o que será possível sem ações que limitem determinados fornecedores. Vivien também pontuou ser fundamental observar boas práticas e exigir equipamentos homologados e certificados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) durante este processo.
Feninfra não é a favor de proibições de fornecedores, como a Huawei, no processo de chegada do 5G no Brasil. Créditos: Ink Drop/Shutterstock
Outro ponto levantado pela presidente da Feninfra foi a busca pela qualidade da mão de obra, bem como a garantia de segurança das possíveis redes 5G no Brasil. De qualquer forma, ela também ressaltou a importância da manutenção da soberania do país e da segurança nacional. “Todos os fornecedores, independentemente da origem, têm comprovado até o momento serem fiéis ao lema soberania e segurança nacional”, afirmou Vivien.
“Proibições numa economia de mercado não são princípios do comércio global, e certamente significaria aumento nos custos, afetando toda a economia, num danoso efeito em cascata, considerando a importância vital da internet e das telecomunicações para todos os setores de atividade”, finalizou.
Tensão Brasil e China
O comunicado da Feninfra posiciona a instituição frente a tensão criada entre o Brasil e China nos últimos dias, em relação a implementação do 5G em território brasileiro. Na noite de segunda-feira (23), o deputado federal Eduardo Bolsonaro utilizou a redes sociais para acusar o país asiático de espionagem por meio da nova tecnologia. Na mesma postagem, o deputado disse ser favorável à iniciativa encabeçada pelo governo dos Estados Unidos, que evita a utilização da tecnologia 5G desenvolvida pela gigante chinesa Huawei.
Na terça-feira, a China se pronunciou sugerindo ao filho do presidente Jair Bolsonaro que abandone retóricas norte-americanas para evitar “consequências negativas”. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, cogita criar um grupo de parlamentares que ficará dedicado apenas a negociações relacionadas ao 5G para tentar minimizar a tensão.