Covid-19: estudo com 96 mil pessoas diz que cloroquina aumenta risco de morte

De acordo com o resultado, o uso do medicamento pode aumentar o risco de morte e desenvolvimento de arritmia cardíaca
Luiz Nogueira22/05/2020 15h34

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Nesta sexta-feira (22), a revista The Lancet publicou os resultados de um estudo sobre o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Com 96 mil participantes, a pesquisa mostrou que os medicamentos não apresentam benefícios contra a doença.

Além da constatação, o estudo aponta que o uso dos remédios pode representar um risco maior de morte e agravamento do quadro cardíaco do paciente hospitalizado em decorrência da infecção pelo vírus.

Ao todo, foram 96.032 pacientes observados para obtenção do resultado. Eles estavam internados em 671 hospitais de seis continentes. As internações ocorreram entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril deste ano. Com base no número de participantes, esse é o maior estudo do tipo já realizado.

Método de estudo

Dos pouco mais de 96 mil internados, 14.888 receberam quatro tipos de tratamento que tinham como base a cloroquina e a hidroxicloroquina. O restante, 81.144, foi usado como grupo de controle – que não recebeu nenhum medicamento.

Para chegar ao resultado divulgado, os pesquisadores compararam os dados de 1.868 pacientes que receberam apenas cloroquina, 3.016 que tomaram hidroxicloroquina, 3.783 que tiveram acesso uma combinação de cloroquina e macrólidos – uma classe de antibióticos -, e 6.221 que ingeriram hidroxicloroquina e macrólidos.

Os autores indicam que os pacientes medicados, incluindo os que receberam combinação de medicamentos, tiveram um risco maior de serem vítimas de morte hospitalar ou desenvolver problemas como arritmia cardíaca.

De acordo com Mandeep Mehra, líder da pesquisa e diretor do Brigham and Womens’s Hospital Center for Advanced Heart Desease, nos Estados Unidos, este é o “primeiro estudo em larga escala a encontrar evidências robustas estatisticamente de que o tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina não traz benefícios a pacientes com a Covid-19”.

Situação no Brasil

Na quarta-feira (20), o Ministério da Saúde divulgou um protocolo de orientação para o serviço público de saúde que indica como deve ser feito o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes infectados pelo Sars-Cov-2.

Dentre as recomendações, o documento sugere que os medicamentos devem ser ministrados em conjunto com o antibiótico azitromicina. Além disso, cabe ao médico avaliar a situação do paciente para indicar ou não o uso do remédio.

No entanto, a prescrição não é suficiente para definir o uso do medicamento, o paciente deve assinar um termo indicando que está ciente dos riscos que o remédio pode trazer – como a arritmia já citada. O documento ainda descreve que “não há, até o momento, estudos demonstrando melhora clínica dos pacientes com Covid-19 quando tratados com hidroxicloroquina”.

Via: G1

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital