Contrariando Trump, Moderna espera registrar vacina depois da eleição

Candidato à reeleição nos EUA, Trump desejava que um imunizante fosse aprovado antes do início de novembro; Pfizer e Johnson & Johnson também conduzem testes de fase três no país
Davi Medeiros01/10/2020 18h56, atualizada em 01/10/2020 19h15

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A farmacêutica americana Moderna anunciou, nesta quarta-feira (30), que a última fase de testes com sua vacina contra a Covid-19 não será concluída antes do dia 25 de novembro. A informação vai de encontro ao desejo do presidente Donald Trump de ter um imunizante registrado antes das eleições americanas, marcadas para 3 de novembro.

Nos Estados Unidos, o enfrentamento à pandemia tornou-se uma peça importante no tabuleiro político, e mostrar resultados diante da crise sanitária é uma das estratégias adotadas por Trump para tentar a reeleição.

O republicano já chegou a afirmar, inclusive, que a agência reguladora da saúde pública no país (FDA) estaria atrasando propositalmente a aprovação de novos tratamentos para prejudicá-lo na corrida presidencial.

Com o anúncio da Moderna, então, Trump perde uma de suas cartas na manga. Stéphane Bancel, CEO da empresa, afirmou ao jornal Financial Times que espera ter dados suficientes sobre a segurança da vacina em 25 de novembro, para então poder solicitar uma aprovação emergencial à FDA, “desde que os testes mostrem resultados que sejam positivos”.

Reprodução

Vacina contra a Covid-19 tornou-se um elemento importante na disputa entre Donald Trump e Joe Biden pela presidência dos EUA. Imagem: kovop58/Shutterstock

Descartando essa alternativa, o candidato ainda pode nutrir esperanças em relação aos imunizantes produzidos pelos laboratórios da Pfizer e da Johnson & Johnson, que também estão na fase três de testes clínicos no país. O primeiro, aliás, acredita que terá resultados consistentes até o fim de outubro, ou seja, dias antes da votação.

De qualquer forma, membros da comunidade científica alertam – desde o início da pandemia – para os riscos de se aprovar um imunizante de forma apressada, buscando atender a interesses políticos. Por isso, em setembro, nove farmacêuticas assinaram um compromisso para assegurar que a principal prioridade no desenvolvimento de vacinas seja a segurança.

Ao cenário de lentidão, soma-se o fato de que os testes de fase 3 com a vacina de Oxford continuam suspensos nos EUA, após serem divulgados indícios de um possível efeito adverso causado pela substância. Portanto, nessa corrida contra o tempo, a chance de vitória é pequena para Donald Trump.

Via: G1 

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital