Vacina de Oxford tem eficácia de até 90%, mostra pesquisa

Resultados de estudo com quase 23 mil voluntários, realizado no Reino Unido e no Brasil, mostra que a vacina é eficaz e segura
Rafael Rigues23/11/2020 13h44

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A companhia farmacêutica AstraZeneca anunciou que sua vacina contra a Covid-19, conhecida como a “Vacina de Oxford”, é “altamente eficaz” na prevenção da doença, e que nenhuma hospitalização ou caso severo da doença foram reportados entre os voluntários que participaram dos testes.

A empresa realizou dois estudos, envolvendo quase 23 mil voluntários. No primeiro, chamado COV002, participaram 12.390 pessoas com 18 anos ou mais, que são saudáveis ou tem doenças crônicas estáveis e tem risco elevado de exposição ao vírus. Elas receberam uma meia-dose da vacina AZD1222, seguida de uma dose completa após um mês, ou então duas doses de um placebo. Neste estudo, a vacina teve eficácia de 90%.

O outro estudo, chamado COV003, foi realizado no Brasil com 10.300 participantes também com 18 anos ou mais, que são saudáveis ou tem doenças crônicas estáveis e tem risco elevado de exposição ao vírus. Os participantes receberam duas doses completas da vacina com intervalo de um mês, ou um placebo. A eficácia neste estudo foi de 60%.

Em outubro um médico brasileiro de 28 anos que participou do COV003 morreu de Covid-19. Entretando, foi determinado que a morte não ocorreu devido à complicações da vacina, já que ele fazia parte do grupo que recebeu um placebo, uma vacina contra a meningite.

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Eficácia da vacina da AstraZeneca pode chegar a 90%, dependendo da dosagem. Imagem:  AstraZeneca/Divulgação

Um conselho independente determinou que os estudos cumpriram seu objetivo de demonstrar proteção contra a Covid-19 após 14 dias ou mais da segunda dose da vacina. Nenhum incidente de segurança sério relacionado à vacina foi confirmado, e a AZD1222 foi “bem tolerada” nos dois regimes de dosagem.

A AstraZeneca afirma que irá preparar imediatamente pedidos de aprovação condicional ou preliminar a autoridades de saúde ao redor do mundo. A empresa irá solicitar inclusão na listagem de medicamentos de uso emergencial da Organização Mundial de Saúde (OMS) para disponibilidade acelerada da vacina em países de baixa renda. Em paralelo, a análise completa dos resultados está sendo enviada para publicação em um jornal científico.

Testes clínicos também estão sendo conduzidos nos EUA, Japão, Rússia, África do Sul, Quênia e América Latina, e há testes planejados para países na Europa e Ásia. No total, a farmacêutica espera até 60 mil participantes em todo o mundo.

A empresa afirma estar “progredindo rapidamente” na produção, com uma capacidade de até 3 bilhões de doses em 2021, se obtiver aprovação das agências reguladoras. A vacina pode ser armazenada, transportada e manuseada em condições normais de refrigeração (2 a 8 graus Celsius) por até seis meses, e administrada usando a infraestrutura de saúde já existente.

Outras vacinas

Várias outras empresas estão desenvolvendo vacinas contra a Covid-19. A Pfizer e a BioNTech afirmam que sua vacina tem eficácia de 95% e solicitaram aprovação junto à FDA, nos EUA, para seu uso emergencial.

Já a Moderna anunciou que sua vacina tem eficácia de 94,5%. “Por aspiração, você gostaria de ver 90%, mas eu não esperava isso. Achei que seria bom, mas 94,5% é muito impressionante”, disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, em entrevista ao New York Times.

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A vacina chinesa Coronavac está em testes em São Paulo. Imagem:  cadu.rolim/Shutterstock

Já a chinesa Coronavac, que está sendo testada em São Paulo, teve “98% de eficácia em idosos” segundo o governador do estado, João Doria. Se os resultados forem positivos, o Ministério da Saúde terá 46 milhões de doses disponíveis para vacinação a partir de dezembro. Porém, cada pessoa deve tomar duas doses; sendo assim, 23 milhões de brasileiros poderiam se vacinar nesse momento.

Até maio do próximo ano, o Instituto Butantan poderia produzir 100 milhões de doses da CoronaVac, de acordo com Dimas Covas, presidente do Instituto, desde que receba apoio financeiro do Ministério da Saúde para tal.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital