O governador de São Paulo, João Doria, disse nesta quarta-feira (9) que a vacina CoronaVac, produzida em uma parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac, vem apresentando bons resultados nos testes. Segundo ele, a vacina teve 98% de eficácia em idosos. Nove mil voluntários da área da saúde participam da terceira fase de testes da CoronaVac em todo o Brasil.
“Os testes demonstram que a vacina CoronaVac é segura e tem taxa de eficiência de 98% na imunização de idosos”, afirmou Doria. “Estudos da segunda fase de testagem demonstram que pessoas com mais de 60 anos, que representam um dos grupos de risco, receberam mais de uma dose da vacina e a resposta imune chegou a 98%”.
Doria ainda reitera que os testes no Brasil têm sido bastante positivos. “Desde o dia 21 de julho [quando os testes começaram], há quase 50 dias, não temos nenhum incidente, nenhum registro de reação adversa significativa nestes quase nove mil voluntários”, disse o governador. “Os prognósticos são promissores. E em breve teremos a vacina para imunizar os brasileiros de todo o país”.
CoronaVac teve 98% de eficácia em idosos. Imagem: Governo de São Paulo
Uma análise completa da eficácia da CoronaVac deve sair até a metade de outubro. “Até o final de setembro, vacinaremos todos os nove mil voluntários”, explicou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. “Com isso, a partir de 15 de outubro poderemos ter a análise da eficácia”. Segundo ele, quatro dos nove mil voluntários já receberam a primeira dose da vacina.
Se os resultados forem positivos, o Ministério da Saúde terá 46 milhões de doses disponíveis para vacinação a partir de dezembro. Porém, cada pessoa deve tomar duas doses; sendo assim, 23 milhões de brasileiros poderiam se vacinar nesse momento.
Até maio do próximo ano, o Instituto Butantan poderia produzir 100 milhões de doses da CoronaVac, de acordo com Dimas Covas, desde que o instituto receba apoio financeiro do Ministério da Saúde para tal.
Testes suspensos
Dimas Covas também comentou sobre a suspensão dos testes com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, que já teve 100 milhões de unidades encomendadas pelo governo brasileiro. Os testes da vacina, que também está na fase 3 e sendo aplicada no Brasil, foram suspensos após um voluntário apresentar uma reação adversa séria. “Quando aparece notícia de um estudo clínico interrompido, isso é comum. Não significa que a vacina não é boa. O efeito adverso precisa ser estudado. Tem que ver se foi a vacina que provocou o efeito adverso”, explicou o diretor.
Segundo ele, a vacina de Oxford e a da Sinovac têm um tipo diferente de fabricação. A desenvolvida no Butantan utiliza vírus inativados, cultivados em laboratório e quebrados quimicamente. Os pedaços dos vírus são introduzidos nas vacinas, e sua aplicação induz o sistema imunológico a produzir anticorpos. É o mesmo método utilizado na fabricação da vacina contra Influenza, aplicada no Brasil este ano. “Não tem vírus vivo nessa vacina. Ela não provoca a infecção”, afirmou Covas.
Já a vacina inglesa utiliza proteínas sintéticas, materiais genéticos ou vetores virais. De acordo com Dimas Covas, essa vacina “utiliza um adenovírus para levar um pedaço do coronavírus para dentro do organismo e provocar a infecção. E aí desencadeia a resposta imunológica. São os vírus do resfriado comum e não causam problema maior”.
Para que todos os brasileiros sejam vacinados de maneira rápida, é importante termos diversas opções de vacina no país, como ressaltou Covas. “O Brasil, 200 milhões de habitantes, precisará de muitas vacinas, uma só não será suficiente para imunização de toda a população”.
Via: Agência Brasil