A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve iniciar em breve a terceira e última etapa de ensaios clínicos para testar a capacidade da vacina BCG de ajudar na proteção contra o novo coronavírus. Realizado em parceria com a organização de pesquisa médica pediátrica Children’s Research Institute, o estudo envolverá ao menos três mil profissionais de saúde que estão na linha de frente do enfrentamento à Covid-19.

A BCG é aplicada durante as primeiras semanas de vida para prevenir formas graves da tuberculose. Trata-se da famosa “vacina da marquinha”, conhecida por deixar uma cicatriz no braço direito, local de aplicação.

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Além de combater o bacilo da tuberculose, a substância é capaz de estimular respostas imunológicas contra uma série de outros agentes infecciosos. A proposta da pesquisa é verificar se a vacina pode oferecer algum grau de imunidade contra o novo coronavírus ou ao menos diminuir as chances quadros graves da doença.

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Vacina BCG é conhecida por deixar uma cicatriz no local de aplicação. Imagem: Reprodução

O estudo deve recrutar dois mil voluntários saudáveis, que não foram infectados pela Covid-19, no estado do Mato Grosso do Sul. Segundo o jornal O Globo, 700 participantes já estão cadastrados no programa. A outra parte ocorrerá no Rio de Janeiro, neste caso a expectativa de pesquisadores é iniciar o recrutamento em outubro. Os pacientes serão acompanhados pelo período de um ano.

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A iniciativa conta com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Gates, entidade filantrópica do cofundador da Microsoft. Ensaios clínicos também são conduzidos com voluntários na Austrália, Espanha e Reino Unido.

Respaldo

Um estudo publicado recentemente na revista científica Science Advances corrobora com a hipótese de que a vacina BCG pode ajudar na proteção contra o novo coronavírus. Cientistas da Universidade Michigan, nos Estados Unidos, analisaram taxas de infecções e mortes em países nos quais a vacina é obrigatória e nações em que a imunização é opcional.

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A pesquisa considerou os dados epidemiológico do primeiro mês da pandemia de cada território, além de outras variáveis, como a disponibilidade de testes para a detecção do coronavírus, a média de idade dos pacientes, a densidade populacional e taxa de migração.

Os resultados sugeriram que países onde a BCG é obrigatória apresentam um nível de contaminações e óbitos menor. A partir do levantamento, os autores concluíram que, com a implementação obrigatória da vacina, em vez de 2.467 mortes pela Covid-19 no dia 29 de março de 2020, o país teria registrado 460 óbitos – número 81% menor do que o contabilizado oficialmente.

Via: O Globo