Países que controlaram o vírus terão investimento, diz economista

Especialista ainda diz que 'países como o Brasil [em que os casos e mortes ainda são muito elevados] não terão investimento' por conta da incerteza sobre o controle da pandemia
Luiz Nogueira04/08/2020 19h53

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Segundo a economista e professora da Universidade John Hopkins, Mônica de Bolle, o que afeta diretamente a economia de um país atualmente é o próprio coronavírus, não as medidas adotadas para controlar a disseminação da doença.

Em entrevista para O Globo, a economista defende que uma economia “só funciona com pessoas. Se elas não puderem circular livremente, estiverem em risco ou com incertezas, a economia não funciona. O que para a economia é o vírus, não as medidas de controle”.

Dados divulgados em março pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento previram um prejuízo mundial de até US$ 2 trilhões por conta da pandemia, o que faria com que fosse difícil a retomada das atividades em alguns lugares.

No entanto, Mônica informa que países que controlaram melhor a economia durante o período de infeções, como os europeus, vão se recuperar mais rapidamente se comparados com os Estados Unidos, Brasil e México, por exemplo, que ainda enfrentam um período em que a doença está fora de controle. Por conta disso, a incerteza sobre a duração da pandemia nesses países pode afetar não apenas o comércio local, mas também investimentos e contas públicas.

Reprodução

Países que controlaram a epidemia vão se recuperar mais rapidamente dos impactos econômicos, afirma economista. Foto: Reprodução

“Países como o Brasil [em que os casos e mortes ainda são muito elevados] não terão investimento, enquanto os países com controle do vírus terão algum investimento. O descontrole com o vírus afeta a capacidade de recuperação futura”, afirma.

Ela ainda cita como exemplo o caso dos Estados Unidos, em que “a epidemia continua em expansão e fora de controle”, o que pode trazer “efeitos ainda muito pronunciados na economia”. O contrário também ocorre. Na Alemanha, por exemplo, “a situação está sob controle e a vida está voltando ao normal há algum tempo”.

Apesar disso, Mônica indica que a Europa pode enfrentar problemas nesta época justamente “pela redução da atividade do turismo, há uma questão sazonal importante”. Mesmo assim, os países parecem mostrar sinais de que estão se recuperando. “Nos EUA já está sendo discutido um novo pacote fiscal, o terceiro. Na Europa ninguém está fazendo isso”.

Ao ser questionada sobre quando o momento econômico vai começar a ser expresso em números, ela indica que isso será visto nos resultados do terceiro trimestre. “Vamos começar a ver uma diferenciação e até o fim do ano vamos ter uma ideia muito clara. Até porque países como EUA, Brasil e México não têm mais capacidade de controle da pandemia, eles têm alguma capacidade de mitigação, mas controlar como algumas nações europeias fizeram, não têm como fazer”, finaliza.

Via: O Globo

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital