Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostrou que o Brasil abriu 21.359 leitos de UTI durante a pandemia do novo coronavírus. De janeiro a junho, o número de leitos ofertados passou de 45.427 para 66.786, considerando as redes pública e privada de saúde. 

Segundo o CFM, 9 mil novos leitos foram abertos no SUS, e 12.353 na rede particular. A grande maioria (92%) foi criada exclusivamente para atendimento de pacientes com Covid-19, e quase a metade foi destinada às capitais — em três estados, Amazonas, Roraima e Amapá, estas são as únicas cidades onde existem leitos.   

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O balanço divulgado pela Folha de S.Paulo revela que o Sudeste foi a região que mais recebeu unidades de tratamento intensivo, seguido pelo Nordeste, Sul, Centro-Oeste e, por fim, Norte. Antes mesmo da pandemia, alguns estados já sofriam com a falta de leitos e, por ter acontecido de forma desigual, a ampliação da oferta não resolveu o problema.

De qualquer forma, a previsão é que grande parte das novas unidades seja fechada após a pandemia. Em nota, o CFM afirmou que “como o incremento de quase 20 mil leitos públicos e privados de UTI objetivou o atendimento exclusivo de infectados com o novo coronavírus, o país continua a contar com uma infraestrutura insuficiente para acolher pacientes com outras doenças”. 

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Parte dos novos leitos serão fechados junto com os hospitais de campanha. Imagem: Governo do Estado de São Paulo

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O ideal, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), seria que existissem três leitos para cada 10 mil pessoas. Contudo, essa não é a realidade de 14 estados brasileiros. O médico Donizetti Giamberardino, membro do Conselho, afirma que “especialmente no Norte e Nordeste, é muito importante que esses leitos sejam mantidos”. Entretanto, isso provavelmente não será possível, uma vez que 20% das novas unidades foram criadas em hospitais de campanha, que são provisórios.   

Ao jornal, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que a pasta analisará a possibilidade de manter os novos leitos. Segundo ele, isso aumentaria as despesas relativas ao SUS e, por isso, o assunto deve ser “conduzido de forma responsável, para que haja sustentabilidade no decorrer do tempo”. 

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