Campo de mineração de 10 mil anos é identificado em caverna no México

Estudo arqueológico indica que local era utilizado por indígenas da Península de Yucatán para minerar ocre vermelho
Redação08/07/2020 15h37

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Cientistas identificaram um campo de mineração em uma caverna subaquática no México construído por indígenas da Península de Yucatán, entre 12 mil e 10 mil anos atrás. De acordo com estudo publicado na revista Science Advances, o local foi explorado para a extração de ocre vermelho. A finalidade do uso desse minério, no entanto, ainda é incerta.

A mina de ocre pertence ao sistema de cavernas Sagitário. Como explica o site Live Science, as cavernas foram inundadas devido à elevação do nível do mar após a “era do gelo”. A água, porém, preservou elementos dos campos de mineração que permitiram arqueólogos estudarem como o ocre vermelho era extraído.

O local foi descoberto por um grupo de mergulhadores em abril de 2017, quando o coautor do estudo Fred Devos identificou uma passagem não documentada no sistema de cavernas de Sagitário.

Ao investigar o novo caminho, exploradores se depararam com supostas ferramentas, poços de mineração e estruturas de rochas que indicavam atividades humanas na caverna. Eles já suspeitavam que o ambiente podia ter sido explorado há milhares de anos, uma vez que esqueletos humanos foram encontrados em outros sistemas de cavernas da região.

Reprodução

Mergulhador coleta amostra de campo de mineração antigo em caverna do sistema Sagitário. Imagem: CINDAQ.ORG

“Ao longo dos anos, vimos coisas estranhas dentro de cavernas que não conseguimos explicar: pedras fora do lugar, pedras empilhadas umas sobre as outras, coisas que simplesmente não pareciam naturais. Porém, não tínhamos uma explicação muito boa”, disse Samuel Meacham, coautor do estudo e fundador do Centro de Pesquisa de Sistemas Aquíferos de Quintana Roo (CINDAQ), à Live Science.

Para desvendar o mistério, os mergulhadores levaram fotos e amostras de materiais encontrados na caverna para arqueólogos da Universidade de McMaster, no Canadá. Os cientistas então identificaram evidências de que esses locais eram minas de ocre vermelho.

Segundo a pesquisa, os indígenas exploraram a caverna passando por labirintos escuros e por obstáculos estreitos até atingir uma distância de 650 metros abaixo do limite de luz natural. Os exploradores elaboravam ferramentas com pedras que encontravam ao longo do caminho, incluindo resquícios de estalactites e estalagmites.

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Mergulhador coleta amostras de carvão no campo de mineração antigo. Imagem: CINDAQ

Já para determinar a idade do campo de mineração, a pesquisa fez análises com carbono radioativo em amostras de carvão vegetal recolhidas da caverna. O estudo examinou a presença de cristais de calcita que se formaram após os eventos de mineração e consultou o registro do aumento do nível do mar. Os resultados apontaram que os povos da região exploraram a parte leste dos sistemas de cavernas há 11.400 anos.

Ocre vermelho

De acordo com o Live Science, estudos anteriores indicam que o ocre vermelho já foi empregado por povos antigos como antisséptico, bloqueador de raios solares, corante de tecidos e repelente contra insetos. O motivo da extração do minério por parte dos povos indígenas na Península de Yucatán, no entanto, não foram desvendados.

Para Mark Hubbe, professor de antropologia da Universidade de Ohio, que não está envolvido na pesquisa, apesar da incerteza em relação ao uso do Ocre, o estudo demonstra que os primeiros grupos humanos nas Américas já estavam envolvidos em atividades complexas “que foram muito além da própria sobrevivência”.

“A mineração de ocre das cavernas sugere […] que havia um significado social importante para esse mineral e, embora, neste momento, não possamos realmente dizer para que ele era utilizado, isso mostra que [o ocre] era imensamente valioso e importante para eles [primeiros grupos humanos].”, disse à Live Science.

Fonte: Live Science

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital