De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (9) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), a epidemia de coronavírus pode fazer com que o mundo sofra um prejuízo de até US$ 2 trilhões, sendo mais de US$ 220 bilhões aos países emergentes.

A estimativa prevê um cenário em que o surto não seja controlado em breve. Se isso acontecer, a economia brasileira pode ter um crescimento de apenas 1% em 2020 – muito abaixo das projeções iniciais. Sem o coronavírus, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimava que o Brasil cresceria 2,2% este ano. A ONU, um pouco mais cautelosa, contava com uma expansão de 1,75%. Ainda que a epidemia fosse controlada hoje, o crescimento do país não passaria de 1,5%.

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No Relatório Focus, do Banco Central (BC), a previsão é um pouco mais otimista e mostra uma queda de 2,17% para 1,99% até agora.

Para a ONU, a desvalorização das commodities, a diminuição na demanda dos principais mercados – China, Estados Unidos e Europa – e a queda nas condições de financiamento internacional após o coronavírus terão relação estreita com os problemas econômicos brasileiros. “O choque da Covid-19 causará uma recessão em alguns países e deprimirá o crescimento anual global este ano para menos de 2,5%, o limiar recessivo para a economia mundial”, afirmou a organização.

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Impactos mundiais

Falando em escala global, a estimativa anterior era que a economia mundial crescesse 2,7% em 2020. Agora, a expansão deve se limitar a 1,9% – o pior desempenho desde 2009. Além disso, alguns países registrarão estagnação, enquanto outros sofrerão contração. No caso da Argentina, que já esperava um retrocesso, a contração pode chegar a 2%, ainda maior que o previsto.

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Segundo Richard Kozul-Wright, diretor de Estratégias de Globalização e Desenvolvimento da Unctad, as quedas são uma soma do impacto do coronavírus com as fragilidades financeiras deixadas desde a grande recessão de 2008. “Os níveis da dívida agregada pública e privada em muitos países em desenvolvimento já estão em níveis elevados, e em vários casos agudos, de angústia”, explicou Kozul-Wright. “Os países em desenvolvimento enfrentam uma série de vulnerabilidades financeiras e de dívida que não permite suportar outro choque externo”, acrescentou.

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A China, como fonte principal de empréstimos para países em desenvolvimento, também deve prejudicar ainda mais a economia mundial após o surto de coronavírus, que tem afetado o país especialmente. “Se as suas condições de empréstimo se tornarem mais restritivas com a desaceleração, aqueles com laços financeiros mais fortes com a China poderão estar entre os mais lentos a recuperar do impacto econômico da crise da Covid-19”, disse Kozul-Wright.

Via: Uol