Covid-19: Oxford confirma resposta imune de vacina em adultos e idosos

Dose produzida em parceria com a AstraZeneca entra na terceira fase de testes com poucos efeitos colaterais; revisão deferiu resposta da vacina
Leticia Riente19/11/2020 12h36, atualizada em 19/11/2020 13h43

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Já se sabe que os idosos são o grupo mais vulnerável à Covid-19 e que, por isso, as vacinas que estão sendo desenvolvidas ao redor do mundo focam principalmente estas pessoas. Depois de revisar o estudo e os efeitos da dose elaborada em parceria com a AstraZeneca, a Universidade de Oxford confirmou “fortes respostas imunológicas em adultos mais velhos” diante de sua vacina. Os resultados das análises foram publicados no jornal científico The Lancet nesta quinta-feira (19).

O fato já havia sido divulgado antes, mas sem a revisão. Agora, com a investigação concluída, a novidade representa uma importante notícia, considerando que a última fase de testes é esperada nas próximas semanas. “Este é um passo muito importante, porque a grande preocupação com qualquer vacina é que ela não funciona tão bem em pessoas mais velhas”, afirmou Richard Horton, editor-chefe do The Lancet. Segundo Horton, os dados são “outro tijolo na casa que estamos tentando construir para esta vacina”.

Reprodução

AstraZeneca confirmou respostas robustas da dose em pessoas mais velhas. Créditos: Ascannio/Shutterstock

O estudo envolveu 560 adultos, incluindo 240 com mais de 70 anos. Dados divulgados em julho pela Universidade de Oxford mostraram que a vacina também gerou resposta imune robusta em adultos com idades de 18 a 55 anos. Ou seja, a boa tolerância da dose entre pessoas mais velhas reforça uma resposta imunológica semelhante em adultos e jovens.

“Induzir respostas imunológicas robustas em adultos mais velhos tem sido um desafio de longa data”, escreveu Angela Minassian, que é investigadora de Oxford. “Mostrar que a tecnologia da vacina é capaz de induzir essas respostas – na faixa etária com maior risco de doença grave de Covid-19 – oferece esperança de que a eficácia da vacina seja semelhante em adultos mais jovens e mais velhos”, acrescentou.

Efeitos colaterais

As análises também mostraram os poucos efeitos colaterais que a vacina pode gerar. Além disso, a dose pode provocar uma resposta nas células T, que são justamente as que visam o vírus dentro de 14 dias da primeira dose e uma resposta de anticorpos dentro de 28 dias após a dose de reforço. Sobre isso, o níveis de neutralização foram alcançados duas semanas após a imunização de reforço em 208 dos 209 pacientes testados.

Isso quer dizer que provavelmente um regime de duas doses seja necessário, ou seja, cerca de 15 bilhões de vacinas para suprir toda demanda mundial. Mas aqui, cabe lembrar que os movimentos antivacinação, bem como a logística de distribuição das doses poderá ser um grande empecilho para o sucesso da ação.

 “A responsabilidade de nossos líderes políticos é realmente construir a confiança do público”, sublinhou Horton. “Temos que proteger o progresso que fizemos e o movimento antivacinação é uma ameaça a esse progresso”, falou.

A Universidade de Oxford espera resultados de eficácia de estágio final nas próximas semanas.

Outras vacinas

Com a notícia do estudo envolvendo a dose de Oxford, as ações da AstraZeneca subiram até 1,7% em Londres. Mas a empresa não foi a única a divulgar boas novas em relação à vacina nesta semana. A Pfizer, que trabalha com a BioNTech SE da Alemanha, divulgou na quarta-feira (18) a eficácia de 95% na análise final dos dados do teste da sua dose. A novidade abre caminho para a empresa solicitar autorização regulatória dos Estados Unidos. A farmacêutica Moderna também declarou que sua vacina é 94,5% eficaz contra a doença.

Via: Bloomberg

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital