Covid-19: interior de SP relaxa quarentena e acelera contágio

Estudo da Unesp mostra 13 polos que podem causar 'efeito cascata' da doença
Redação08/04/2020 14h19, atualizada em 08/04/2020 14h54

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O estado de São Paulo é atualmente o epicentro da Covid-19 no Brasil. São 371 óbitos confirmados nos 5.682 casos. Nesta terça-feira (7), foram 67 novas mortes registradas, marcando um recorde para o estado em apenas um dia.

Apesar da grande maioria dos infectados estar na capital, o governo tem se preocupado com as cidades do interior, onde o isolamento social tem sido menos efetivo. Segundo estudo feito pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), os principais eixos rodoviários do estado podem causar um “efeito cascata” em cidades próximas.

“Na medida que o tráfego aéreo foi interrompido, essa difusão se dá pelo asfalto por esses eixos e num efeito cascata”, explicou o professor Raul Guimarães, do laboratório de Geografia da Saúde da Unesp. O levantamento encontrou 13 cidades que podem se tornar polos da doença: Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Marília, Piracicaba, Santos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Votuporanga.

“Estão aparecendo casos nesses 13 principais centros e, em seguida, em municípios que tem forte relação com esses centros”, acrescentou Guimarães. Para o professor Carlos Magno da Faculdade de Medicina da Unesp, essa transmissão acontece em um modelo hierárquico inicialmente, no qual o vírus salta de uma metrópole para outra, e, posteriormente, em um modelo de contiguidade, em que o vírus se espalha para localidades vizinhas.

Apesar disso, Magno afirma que há uma boa notícia: a taxa de contágio passou de 4,5 indivíduos para 2, graças à quarentena. “O isolamento social é até hoje a única medida conhecida para reduzir o número de mortes e de internação. Porém, o isolamento deve ser feito em todo o estado, não faz sentido decretar em algumas cidades e em outras não”, explicou.

Quarentena prorrogada

Este é um dos motivos que fez inclusive com que o governador João Doria estendesse a quarentena até 22 de abril. O político ainda destacou a importância de aumentar o rigor da medida, sendo possível, ainda, a adoção de novas medidas restritivas, se necessário.

Para o infectologista e coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, David Uip, o nível de distanciamento social deve atingir uma taxa de 70%. No momento, a capital registra 60%, enquanto as cidades do interior ficam em pouco mais de 40%. “Se nós conseguirmos aumentar o distanciamento social, que estava em média de 54%, para 70%, o número de leitos no estado de São Paulo será suficiente para essa primeira onda epidêmica”, concluiu Uip.

Via: El País

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital