A Kinsa Health, uma empresa de tecnologia médica que produz termômetros conectados à internet, montou um mapa em tempo real dos casos de febre (um dos principais sintomas da Covid-19) nos Estados Unidos. Os dados mostram que as medidas de isolamento social adotadas no país estão ajudando a desacelerar a epidemia do novo coronavírus.

Os picos de febre vêm sendo acompanhados desde quando a empresa fez uma mudança no seu software para acusar níveis “atípicos”. A Kinsa tem mais de um milhão de termômetros em circulação e tem recebido até 162 mil leituras diárias de temperatura desde que a Covid-19 começou a se espalhar pelo país.

Até o meio-dia de última quarta-feira (25), o mapa mostrava os casos de febre mantendo-se constantes ou caindo quase universalmente em todo os EUA, com duas exceções: no Novo México, onde o governador havia emitido ordens de isolamento para a população apenas no dia anterior, e em torno de Nova Orleans, um dos focos de contaminação que as autoridades acreditam ter sido desencadeado pelo aglomerado durante o carnaval.

Kinsa/Reprodução

Dois dias depois, já em plena quarentena, as febres em todos os municípios do país estavam em tendência de queda. Na manhã de segunda-feira (30), mais de três quartos do país estava azul escuro – a cor que registra o maior índice de queda – tendência compatível com a tomada de medidas mais severas. Cerca de 248 milhões de norte-americanos em pelo menos 29 estados foram instruídos a ficar em casa.

A Kinsa normalmente usa os dados coletados pelos termômetros para rastrear a propagação da gripe. Desde 2018, suas previsões costumam estar entre duas e três semanas à frente das do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência pública de saúde dos EUA.

Os usuários dos termômetros podem relatar seus sintomas em um aplicativo para celular depois de medir a temperatura. O aplicativo oferece conselhos básicos sobre se eles devem procurar atendimento médico. Os termômetros então enviam as leituras de temperatura para um banco de dados centralizado.

Em algumas das cidades mais atingidas, a Kinsa ainda cruzou os dados de febre com uma linha do tempo de restrições promulgadas por prefeitos ou governadores. Em Manhattan, os índices de febre aumentaram constantemente no início de março, apesar de uma declaração de emergência no dia 7 e uma ordem no dia 12 para que reuniões públicas sejam restritas a menos de 500 pessoas.

A virada começou no dia 16, quando as escolas foram fechadas. Bares e restaurantes foram fechados no dia seguinte, e uma ordem de permanência em casa entrou em vigor no dia 20. Três dias depois, novas febres em Manhattan estavam abaixo dos níveis do início do mês.

Os dados produzidos pelo governo do estado, que só acompanha as taxas de hospitalização, não a febre, batem com o relatório da Kinsa. Até 20 de março, a quantidade de pessoas que precisavam de atendimento médico de urgência estava dobrando aproximadamente a cada dois dias. Na terça-feira (24), a taxa de hospitalização levou quatro dias para dobrar. “Isso é aproximadamente o que as leituras de febre previram”, disse Nita Nehru, porta-voz da Kinsa.

Via: The New York Times