Em 16 de março, a empresa Moderna, sediada em Seattle, Estados Unidos, foi a primeira fora da China a aplicar uma vacina experimental contra o novo coronavírus em humanos. Obviamente, esse é apenas um primeiro passo. A previsão de encerramento dos testes e da disponibilização da vacina é de pelo menos 18 meses.
Além da Moderna, a chinesa CanSino Biologics também iniciou seus testes na mesma data. A ideia é verificar se as possíveis vacinas são seguras e podem desencadear respostas imunes. De lá para cá, a Organização Mundial da Saúde (OMS) listou outros 52 candidatos a vacinas que, em breve, devem iniciar seus testes.
“Esta é uma resposta maravilhosa da comunidade biomédica a uma epidemia”, diz Lawrence Corey, virologista do Centro de Pesquisa em Câncer Fred Hutchinson, que realizou testes de vacinas contra uma dúzia de doenças, mas não está envolvido no esforço contra a Covid-19.
Em termos gerais, as vacinas propostas se agrupam em oito composições diferentes, como vírus inteiros inativos ou enfraquecidos, proteínas geneticamente modificadas e uma tecnologia recente de RNA mensageiro – que é a espinha dorsal da vacina da empresa Moderna.
Preocupação com o novo coronavírus
A principal preocupação dos pesquisadores é de criar uma vacina que, a longo prazo, possa fornecer imunidade à doença. Infecções causadas por quatro tipos de coronavírus que geralmente acometem resfriados menores não desencadeiam imunidade duradoura.
Por esse motivo, a vacina tem de ser testada de forma lenta, para comprovar que o indivíduo está realmente protegido. Para agilizar esse processo, alguns pesquisadores propuseram até mesmo pegar um atalho eticamente duvidoso: aplicar vacinas experimentais em voluntários e tentar intencionalmente infectá-las com o vírus para verificar se estão protegidos.
Investimento na criação de uma vacina
Muitos dos esforços contra a Covid-19 estão ligados à Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), organização sem fins lucrativos criada para coordenar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas contra doenças infecciosas emergentes.
Até o momento, a Cepi investiu quase US$ 30 milhões no desenvolvimento das vacinas da Moderna, Inovio e outras seis empresas. “Passamos por um processo seletivo para garantir que escolheríamos aqueles que achamos ter a maior probabilidade de atingir nossos objetivos – que achamos que deveriam ser os objetivos mundiais – de velocidade, escala e acesso”, diz Richard Hatchett, CEO da Cepi.
No entanto, eles também torcem por outros candidatos: “Não queremos estar em uma situação em que temos uma vacina bem-sucedida e um evento de contaminação grande durante sua fabricação”.
A Johnson & Johnson, em esforço individual, informou que também trabalha em uma vacina, com previsão de início dos testes em setembro. Se tudo der certo, a empresa informa que a solução pode estar disponível em 2021. A Moderna, por sua vez, pretende iniciar testes de eficácia mais amplos em novembro. A ideia é testar a vacina em cinco mil pessoas e determinar se, até janeiro de 2021, ela surtiu efeito e funciona.
Via: Science Mag