‘A maioria dos governos escuta seus cientistas, não os ataca’, diz Bill Gates

Declaração do empresário foi feita como crítica às medidas adotadas pelo governo dos EUA para combater a pandemia
Luiz Nogueira14/10/2020 20h01

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Nesta quarta-feira (14), durante entrevista, Bill Gates, cofundador da Microsoft, criticou a resposta do governo dos Estados Unidos à pandemia do novo coronavírus.

Segundo o empresário, o país atacou diretamente diversos especialistas no assunto. Essa atitude fez com que os EUA ficassem atrás de outros locais do mundo na questão de testes, além de não conseguirem fazer com que os cidadãos usassem máscaras de proteção.

“Muitos países têm se saído muito, muito bem em fazer com que as pessoas mudem seu comportamento – mas não os EUA”, disse ele. “Nossa resposta em muitos aspectos não foi muito boa. E esperávamos que fosse”, completa.

Reprodução

Bill Gates critica a resposta dos Estados Unidos à pandemia. Foto: tigerder/ Shutterstock

Apesar das críticas, Gates não apontou diretamente o presidente Donald Trump como responsável por essas questões. Ele comenta que o fato de alguns países terem se saído melhores do que outros na questão dos testes é algo “puramente técnico, não político”.

Mesmo assim, o cofundador acrescenta que “a maioria dos governos conversa com seus cientistas e os ouve. Eles não os prejudicam e nem os atacam”.

Os comentários de Gates acontecem após Anthony Fauci, um dos mais respeitados especialistas em doenças infecciosas dos EUA, criticar a campanha de Trump por usar suas palavras fora de contexto e sem seu consentimento. Tudo para se promover como candidato.

O empresário, cuja organização de caridade, a Fundação Bill e Melinda Gates, comprometeu mais de US$ 100 milhões para combater o surto, ainda disse que mudanças de comportamento social, como usar máscaras e lavar as mãos, são ferramentas bastante importantes para controlar a Covid-19 até que “vacinas sejam aplicadas em grande escala”.

Óbito por reinfecção na Holanda

Enquanto o mundo ainda não entende perfeitamente a imunidade conferida à Covid-19 após a infecção, alguns casos de segundo contágio começam a se acumular. Na segunda-feira (12), o mundo registrou o primeiro caso de uma pessoa que se contaminou com o coronavírus duas vezes e morreu da segunda vez.

O caso aconteceu na Holanda, com uma paciente de idade avançada, com 89 anos, e que realizava tratamento contra o câncer, como descrito em artigo científico ainda não revisado.

A mulher havia procurado apoio médico no início do ano apresentando os sintomas da Covid-19, incluindo febre e tosse. Após ser testada, ela foi diagnosticada com o coronavírus, mas deixou de exibir sintomas após 5 dias de hospitalização e pôde retornar para sua casa, apesar de continuar sentindo fadiga. Após quase dois meses, ela passou a apresentar sintomas novamente, dois dias após uma sessão de quimioterapia, mas desta vez ela também sentia falta de ar.

Na segunda oportunidade, ela foi testada novamente, e foi confirmado o diagnóstico de Covid-19 novamente, mas dois exames sorológicos, realizados 4 e 6 dias após a internação, não mostraram presença de anticorpos. Após o oitavo dia, sua condição piorou e sua morte aconteceu depois de duas semanas.

Existem casos em que a pessoa manifesta sintomas duas vezes, mas não são duas infecções distintas; o vírus apenas permaneceu “dormente” por algum tempo no organismo e volta a se manifestar. No entanto, neste caso, os pesquisadores puderam comparar as amostras do primeiro diagnóstico e do segundo e constataram pelo sequenciamento genético do vírus que a paciente foi atingida por duas linhagens distintas do coronavírus, confirmando dois contágios diferentes.

Via: Business Insider

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital