Descoberto em 2017, o sistema solar Trappist-1 é de interesse dos cientistas por vários motivos. É próximo de nós, a apenas 40 anos-luz de distância, e tem sete planetas rochosos. Três deles ficam na zona habitável de sua estrela e dois destes têm tamanho similar ao nosso planeta. E recentemente, astrônomos no Havaí encontraram mais uma semelhança: o alinhamento da órbita dos planetas em relação a sua estrela.

Assim como no sistema solar, os planetas orbitam em um “plano” alinhado com equador da estrela. Isso indica que eles estão na mesma órbita que se formaram, o que torna Trappist-1 um excelente candidato para estudos sobre a origem de sistemas multiplanetários como o nosso.

A descoberta foi possível graças a um instrumento instalado no telescópio Subaru, no Havaí, chamado Dopler Infravermelho. Na noite de 31 de agosto de 2018 três dos sete planetas de Trappist-1 passaram em frente à sua estrela, e os cientistas usaram o instrumento para detectar a distorção da luz à medida que isso acontecia, o que nos permite determinar sua direção de rotação, velocidade e inclinação orbital.

Reprodução

Ilustração de dois exoplanetas e sua estrela no sistema solar Trappist-1. Fonte: NASA, ESA, e G. Bacon (STScI)

Durante a formação estelar, uma estrela é cercada por um grande disco achatado de gás e poeira. Quando a estrela está “completa” a poeira e gás remanescentes formam o resto do sistema, como planetas, luas e asteroides. É por isso que o sistema solar parece tão organizado: nada veio perturbar o alinhamento dos planetas, então eles ficaram onde nasceram.

Os cientistas estimam que a ausência de grandes perturbações gravitacionais resulta em maior probabilidade de planetas “pacíficos” na zona habitável de sua estrela. Entretanto, esta teoria ainda precisa de muito mais estudos.

Entretanto, os planetas de Trappist-1 estão todos muito próximos de sua estrela: o mais distante completa uma órbita em 18 dias, enquanto o mais próximo leva apenas um dia e meio. Este arranjo “compacto” pode ser resultado de uma “migração” dos planetas para o interior do sistema.

A estrela Trappist-1, que dá nome ao sistema, é uma anã-vermelha fria, com temperatura de 3.500 graus Kelvin, o equivalente a cerca de 3.200 graus Celsius. Isso é muito mais frio do que nosso Sol, que tem temperatura de 5.778 graus Kelvin, cerca de 5.500 graus Celsius.

Isso explica porque planetas tão próximos de sua estrela podem ser considerados potencialmente habitáveis. Entretanto, sabemos que anãs vermelhas não são as estrelas mais amigáveis à vida como a conhecemos, já que costumam castigar seus planetas com intensas tempestades solares e radiação.

De qualquer forma, ainda teremos de observar Trappist-1 de longe por um bom tempo. Se estivesse viajando na mesma velocidade da Voyager-1, uma das espaçonaves mais rápidas já feitas pelo homem, levaríamos 700 mil anos para chegar lá.

Fonte: Science Alert