A Terra, enquanto bola de pedra girando em torno do Sol, pode ser mais antiga do que se acreditava. Uma nova análise dos isótopos de ferro encontrados em meteoritos indica que a maior parte do planeta levou apenas 5 milhões de anos para se juntar, e não dezenas de milhões de anos, como o modelo tradicional propõe.
Não há 100% de certeza sobre como os planetas se formam. Astrônomos têm uma boa ideia geral, mas os detalhes ainda faltam. Traços do processo de formação estão ligados à própria formação estelar. As estrelas nascem quando um grupo de nuvens de poeira e gás entra em colapso sob sua própria gravidade e começa a girar.
Enquanto gira, todo esse material forma um disco plano, alimentando a estrela em crescimento. Mas nem todo o disco será absorvido – o que resta é chamado de disco protoplanetário e continua a formar os planetas. Em geral, a formação de planetas terrestres ocorre em estágios.
Os corpos de primeira geração, com algumas centenas de quilômetros de raio, se formam rapidamente, seguidos de crescimento dominado pela acumulação assistida de partículas de gás formando embriões planetários do tamanho de Marte.
No Sistema Solar interno, acredita-se que esses embriões se formaram ao longo de várias dezenas de milhões de anos através de grandes colisões entre outros corpos. Nesse modelo, a água e outros elementos voláteis chegaram à Terra e oxidaram seu manto durante a última fase de crescimento.
No entanto, um estudo da composição isotópica de ferro no manto da Terra, feito por cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, sugere que a chegada desses elementos voláteis pode ter acontecido muito antes. Utilizando novos modelos de formação de planetas, baseados no rápido acúmulo de fragmentos de asteroides, podem indicar que a principal fase de acúmulo da Terra pode ter sido concluída dentro 5 milhões de anos – ainda no estágio do de disco protoplanetário.
Isso torna a Terra diferente dos outros corpos do Sistema Solar. Nosso planeta tem significativamente menos Fe-54, um isótopo mais leve de ferro, enquanto Lua, Marte e meteoritos os possuem na mesma abundância, guardadas as devidas proporções. Só uma outra rocha na nossa vizinhança possui uma composição semelhante à da Terra: um tipo raro de meteorito chamado condrito CI.
O interessante desses meteoritos é que eles têm uma composição semelhante ao Sistema Solar como um todo. Esas rochas espaciais são como um microcosmo da poeira que girava no disco protoplanetário no início do Sistema Solar, 4,6 bilhões de anos atrás. O fato de a composição do nosso planeta ser comparável ao condrito CI sugere o núcleo de ferro da Terra se formou mais cedo e por meio de uma chuva de poeira cósmica – um processo mais rápido que o acúmulo de rochas maiores.
Os pesquisadores avaliam ainda se esse tipo de formação planetária seria um pré-requisito para as condições propícias à vida. “Se a teoria da acreção planetária precoce estiver realmente correta, a água provavelmente é apenas um subproduto da formação de um planeta como a Terra – tornando os ingredientes da vida, como a conhecemos, mais prováveis de serem encontrados em outras partes do Universo”, afirma o cosmoquímico Martin Bizzarro, da Universidade de Copenhague.
Via: Science Alert