SpaceX traz astronautas de volta à Terra

Retorno da tripulação da Demo-2 abre um novo capítulo na história das missões tripuladas e da exploração comercial do espaço
Rafael Rigues02/08/2020 14h46, atualizada em 02/08/2020 18h41

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Os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley, que decolaram rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) em 30 de maio, estão de volta à Terra. Com isso a histórica missão Demo-2 chega ao fim, e começa um novo capítulo na história das missões tripuladas ao espaço.

A cápsula Crew Dragon se desacoplou da ISS às 20h35 (horário de Brasília) deste sábado (1) e pousou no Atlântico Norte, próxima ao litoral de Pensacola, na Flórida, às 15h50 (horário de Brasília) deste domingo (2).

Na manhã de domingo os astronautas despertaram com uma chamada surpresa de seus filhos. “Papai acorde! Não se preocupe, você pode dormir até mais tarde amanhã”, disse Theo, de 6 anos, filho de Behnken.

“Foram dois ótimos meses, e apreciamos tudo o que vocês fizeram para nos ajudar a colocar a Dragon à prova durante seu voo inicial”, disse Hurley à tripulação da ISS logo após a partida. “Estamos ansiosos pelo pouso amanhã”.

Este foi o primeiro pouso na água realizado pelos norte-americanos desde a missão Apollo-Soyuz, em 1975. Os ônibus espaciais retornavam em pistas de pouso, como aviões comuns. Já as cápsulas Soyuz, da Rússia, além da chinesa Shenzou e sua sucessora, usam paraquedas e retrofoguetes para pousar em regiões desertas em terra firme.

O local do pouso foi escolhido considerando fatores como o tempo de viagem da Crew Dragon e hora prevista para o pouso. De acordo com a Nasa, sua equipe “prioriza locais que exigem o menor intervalo de tempo entre o desacoplamento e o pouso, com base na mecânica orbital, e oportunidades de pouso que ocorram durante o dia”.

Souvenirs a bordo

Além de Bob e Dough, a Crew Dragon trouxe 150 kg de carga, incluindo amostras de experimentos biológicos realizados a bordo da ISS. Retornaram também três souvenirs, dois deles adoráveis: “Earthie”, um planeta Terra de pelúcia que voou a bordo do primeiro teste não tripulado de uma Crew Dragon, em 2019, e o dinossauro de pelúcia “Tremor”, escolhido pelos filhos dos astronautas como “indicador de gravidade zero” durante a decolagem da Demo-2.

Reprodução

Souvenirs trazidos pela Demo-2. No canto superior esquerdo Earthie, uma pelúcia do planeta Terra. Ao seu lado Tremor, o Apatossauro escolhido pelos filhos de Hurley e Behnken. Em baixo, a colocação da bandeira dos EUA a bordo da ISS pela equipe da STS-135, em 2011. Fotos: SpaceX/Nasa

O terceiro item é uma bandeira dos EUA que voou ao espaço na primeira missão de um ônibus espacial, a STS-1 em 1981, e foi deixada a bordo da ISS pela última tripulação de um ônibus espacial, na missão STS-135, em julho de 2011.

O objetivo era que ela servisse como “prêmio” para a primeira empresa norte-americana a levar astronautas para a ISS a bordo de uma espaçonave norte-americana lançada a partir de solo norte-americano. Curiosamente, Doug Hurley foi o piloto da STS-135.

O que vem agora?

O retorno seguro da Demo-2 era o último requisito para a Nasa certificar oficialmente a Crew Dragon para missões tripuladas, abrindo caminho para voos comerciais de rotina no programa Commercial Crew Services (CCS) e eliminando a dependência dos EUA dos veículos espaciais russos.

A SpaceX já se prepara para suas duas próximas missões tripuladas. A Crew-1 deve decolar em setembro, levando quatro astronautas: os norte-americanos Michael S. Hopkins, Victor J. Glover e Shannon Walker, e o japonês Soichi Noguchi. A Crew-2 deve decolar em 2021, também com quatro astronautas a bordo. São eles os norte-americanos Shane Kimbrough e Megan McArthur, o japonês Akihiko Hoshide e o francês Tomas Pesquet.

A Boeing, que também participa do programa CCS, não teve sucesso no primeiro teste de sua cápsula Starliner em dezembro passado, e ainda não tem uma data prevista para sua primeira missão tripulada.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital