Nesta terça-feira (13), os Estados Unidos e mais sete países assinaram os “Acordos Artemis”, uma espécie de tratado que estabelece princípios para a exploração pacífica da Lua. Além dos EUA, concordaram com os termos Austrália, Canadá, Itália, Japão, Luxemburgo, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido. 

A Lua não é propriedade de país algum, mas sua exploração científica e possivelmente comercial será liderada pelos Estados Unidos. Não é difícil imaginar os conflitos que poderiam surgir desse empreendimento, e o objetivo dos acordos é evitá-los.

Por meio do documento, a Nasa e seus parceiros internacionais “pedem licença” ao mundo para conduzir atividades exploratórias em nosso satélite natural, e garantem que suas intenções são pacíficas. O texto prevê 10 princípios fundamentais, incluindo transparência, cooperação, divulgação pública de informações científicas, preservação do ambiente lunar e eliminação segura de detritos espaciais.

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Objetivo dos acordos é evitar conflitos relacionados à exploração lunar. Imagem: Nasa

Os Acordos Artemis reforçam o Tratado do Espaço Sideral, assinado em 1967 com o objetivo de proibir a utilização de armas de destruição em massa na Lua e em outros astros do Sistema Solar. À época, o documento foi assinado e ratificado por 110 nações, incluindo uma que chamou atenção justamente por ficar de fora dos acordos mais recentes: a Rússia.

Posicionamento contrário

Recentemente, o diretor-geral da agência espacial russa, Dmitry Rogozin, afirmou que o Programa Artemis revela, na verdade, “o afastamento dos EUA dos princípios de cooperação e apoio mútuo” na exploração lunar. 

Este posicionamento é corroborado por dois pesquisadores da University of British Columbia, os canadenses Aaron Boley e Michael Byers. Eles manifestaram suas objeções à abordagem espacial americana em um artigo publicado na revista Science.

Segundo a dupla de cientistas, os EUA estariam agindo como os “guardiões da Lua”, algo que seria nocivo para outros países. Eles argumentam que os benefícios da mineração no espaço seriam destinados aos americanos, mas que as possíveis más consequências seriam sentidas pela população mundial. 

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Pesquisadores temem que atividades dos EUA na Lua sejam prejudiciais a outros países. Imagem: Nasa

Mike Gold, representante do Escritório de Relações Internacionais e Interagências da Nasa (OIIR), nega as acusações, e classifica o artigo dos canadenses como prematuro e “factualmente impreciso”. Ele garante que os Acordos Artemis não escondem intenções escusas nas entrelinhas, e de fato contribuem para que a presença americana na Lua seja sustentável. 

“Fundamentalmente, os Acordos Artemis ajudarão a evitar conflitos no espaço e na Terra, fortalecendo o entendimento mútuo e reduzindo as percepções errôneas”, completa. “A jornada de Artemis é para a Lua, mas o destino dos Acordos é um futuro pacífico e próspero”. 

Segundo a Nasa, a expectativa é que mais países assinem os acordos nos próximos meses e anos.

Via: Engadget