Nesta segunda-feira (12), Dmitry Rogozin, o chefe da Roscosmos, agência espacial russa, disse que os planos da Nasa de enviar seres humanos de volta à Lua são muito “centrados nos Estados Unidos” para que a Rússia e outros países participem. Rogozin já havia criticado a agência estadunidense no ano passo e, agora, afirmou que a Rússia só estaria aberta a participar se os planos para a Lua estivessem focados em uma cooperação internacional.

De acordo com Rogozin, “o mais importante aqui seria basear este programa nos princípios de cooperação internacional que todos nós usamos” para viajar para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). “Se pudéssemos voltar a considerar fazer desses princípios a base do programa, a Roscosmos também poderia considerar sua participação”, completou o diretor-geral da agência russa.

Rogozin também deixou claro que não gosta muito do programa Artemis, da Nasa, que além de enviar seres humanos de volta à Lua, também pretende fazer isso pela primeira vez com uma mulher. Parte do projeto prevê a construção de uma estação espacial ao redor da Lua, conhecida como Portal Lunar, que servirá como um posto avançado orbital para os astronautas visitarem antes de colocarem os pés na superfície do nosso satélite natural.

Apesar de já ter parceria com outras agências para o programa Artemis, a Nasa se resumiu ao Canadá e à Europa, com todos os principais elementos do projeto, como foguetes, cápsulas, pousadores e módulos necessários ao Portal Lunar, sob responsabilidade apenas dos Estados Unidos.

“Para os Estados Unidos, isso agora é mais um projeto político”, opinou o diretor-geral. “Com o projeto lunar, estamos observando a saída de nossos parceiros americanos dos princípios de cooperação e apoio mútuo que se desenvolveram durante a cooperação na ISS. Eles veem seu programa não como internacional, mas semelhante ao da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Existe a América, todos os outros devem ajudar e pagar. Para ser honesto, não estamos interessados em participar de tal projeto”, acrescentou.

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Jim Bridestine pregou o estabelecimento de padrões compartilhados. Imagem: Jer123/Shutterstock

O diretor-geral da Roscosmos também criticou os Acordos Artemis, um conjunto de diretrizes que a Nasa e o Departamento de Estado (DoS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos desenvolveram para os países seguirem quando explorarem a Lua. As regras falam sobre como extrair a Lua e as regiões que precisam ser protegidos na superfície lunar, como os locais de pouso da missão Apollo.

“Em nossa opinião, o Portal Lunar em sua forma atual é muito centrado nos Estados Unidos”, contou Rogozin, que observou que a Rússia “provavelmente se absterá de participar dele em grande escala”. Contudo, o diretor-geral revelou que espera que o Portal tenha uma porta de ancoragem que permitirá que futuras espaçonaves russas se conectem à estação se necessário. “Se a Rússia construir seu próprio sistema de transporte espacial, precisamos ter a oportunidade de atracar”, explicou Rogozin.

Após as falas do chefe da Roscosmos, Jim Bridenstine, administrador da Nasa, adiantou que Artemis utilizará a mesma estrutura legal desenvolvida para a ISS para operar o Portal. “A ISS não tem apenas tecnologia avançada, mas nos ajudou a aprender como trabalhar efetivamente em conjunto com uma variedade de culturas e países. É por isso que estamos usando o Acordo Intergovernamental (IGA), que é a estrutura legal da ISS, para o Portal”, declarou Bridenstine.

Quanto aos comentários de Rogozin sobre a ancoragem, Bridenstine comentou que está de acordo sobre o estabelecimento de padrões compartilhados. “Por meio dos acordos, os Estados Unidos estão solicitando de forma proativa a todas as nações parceiras que se juntam a nós na jornada do Artemis que se concentrem em padrões compartilhados que não incluam apenas encaixe, mas formatação e transferência de dados, comunicações, navegação, controle ambiental e suporte de vida, e vários outros sistemas e operações importantes”, concluiu Bridenstine.

 

Via: The Verge